quarta-feira, 28 de abril de 2010

Projeto de Lei obriga amante a pagar pensão


Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, de autoria do Dep Cel Paes de Lira quer transferir para o/a amante a responsabilidade pelo pagamento da pensão à parte que dela necessitar.

No site da Época tem uma entrevista com o autor do projeto, que transcrevo abaixo.

Só quero adiantar que eu acho justo. Já que o (a) amante está “roubando”o marido/esposa. E ela (e), amante, tá ficando com parte melhor na coisa toda, o cara, então ela(e) que providencie o ressarcimento à esposa/marido.

A seguir, a entrevista com o deputado.

Por que o senhor apresentou esse projeto?
Paes de Lira – Como parlamentar, tenho que ficar atento a tudo que seja relevante no cenário jurídico, social e político. No meu gabinete temos uma preocupação muito forte com a preservação dos valores familiares. Trabalhamos contra a desfiguração da família, por isso tentamos entender as hipóteses que levam ao rompimento da família. Com relação à flexibilização do divórcio, por exemplo, eu fui contra porque fazer tudo a toque de caixa não favorece uma possível reflexão e, quem sabe, uma reconsideração. O código Civil trouxe uma situação nova nas homologações de divórcio. Muitos litigiosos, quando há infidelidade ou injúria, são feitos como consensuais. De um lado para evitar a exposição pública de uma imagem, por outro, para também evitar o pagamento de alimentos à pessoa que foi infiel, rompendo a relação conjugal. O que acontece é que, num primeiro momento, a sentença que sai como consensual exclui a necessidade de pagamento da pensão. A parte culpada renuncia à pensão. Mas muitos têm voltado à Justiça, baseados na necessidade que têm de alimentos, e acabam conseguindo, apesar da decisão inicial. Aí, a parte inocente, que inicialmente concordou com a separação consensual, não tem mais direito de demonstrar a culpa da parte efetivamente culpada. É um by-pass que a lei permite. No final, a parte inocente acaba ficando também com a conta financeira da traição. E, por favor, tome cuidado, que pode ser o traído ou a traída. Independe do gênero. Meu projeto de lei visa dar um tratamento jurídico adequado à parte inocente. Em suma, traz à responsabilidade civil uma pessoa esquecida pela lei, o terceiro que contribuiu para o rompimento da relação. Se a pessoa, embora culpada, necessita de uma pensão alimentícia, então, em vez de a parte inocente ficar com a conta financeira, o projeto chama à responsabilidade a terceira parte.

Um tanto polêmico isso, não é deputado, de transferir para o amante. O senhor acredita que uma terceira pessoa pode ser responsabilizada pelo fim de casamento?

Ora…a pessoa pode até não se sentir responsável, mas sem dúvida contribuiu diretamente para isso. Afinal, não havia uma entidade familiar constituída nos termos da lei? Se essa pessoa se aproxima como um intruso da relação e colabora para desfazer essa sociedade, objetivo ele tem. Só não tem responsabilidade civil. É para acabar com a aventurança. Antigamente, ele podia ser responsável porque adultério era crime. Hoje, esse homem ou essa mulher acaba sendo um ator irresponsável. Eu e minha assessoria sabíamos que seria muito polêmico, mas é um debate construtivo.

É, será um debate bem animado.
Sem dúvida.

O senhor conhece muitas separações assim?

É só olhar em volta. Frequentemente a razão da separação é infidelidade.

Mas se uma pessoa entrar numa relação achando que o outro estava disponível? Não terá agido de má-fé.
Isso também é possível, mas não é muito provável, vamos convir. Geralmente as pessoas conhecem muito bem a situação pessoal do outro. Mas se ele puder provar, naturalmente ele ou ela vai se eximir. Seria raro.

O problema é a indiscrição? E se o caso de um dos cônjuges nunca vier à tona?
Se nunca vier à tona, infelizmente, a parte inocente terá que arcar com a conta financeira da traição. São situações que a lei também não pode prever em toda sua plenitude.

Amantes são os grandes pivôs de denúncias e escândalos aqui em Brasília. Com essa lei, o pessoal pensaria duas vezes?
Olha…(risos), toda essa situação é muito complicada e, muitas vezes, justificada por uma série de motivos, a falta de convívio, o rompimento espiritual entre duas pessoas, mas o casamento é um compromisso, perante a lei civil e religiosa, e isso envolve responsabilidades. As pessoas deveriam refletir antes de dar um determinado passo, principalmente no casamento e, muito particularmente, quando existem filhos que são as grandes vítimas, que mais sofrem com a separação. O projeto de lei visa a lembrar às pessoas que todas elas são responsáveis por tudo o que fazem e também pelo desfecho para o qual contribuírem com sua participação.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

19 de abril - Dia do Índio !!!1


História do Dia do Índio

Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril?

Origem da data

Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.

No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.

Comemorações e importância da data

Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e os minicípios organizam festas comemorativas. Deve ser também um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.

Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.

Fonte: http://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_do_indio.htm

sábado, 17 de abril de 2010

Marcelo Rubens Paiva: Acontece que ele é baiano


A primeira viagem longa e sem a família que fiz foi pra Bahia, lógico. Fruto da paixão por Jorge Amado e tropicalistas.

Com a turma do colégio, todos “de menor”.

Pegamos um busão até Porto Seguro, o começo do Brasil.

Falaram de uma vila, Arraial da Ajuda, em que só se ia a pé pela praia e nem tinha luz elétrica. Havia uma fonte de água milagrosa e praias desertas. É, nego, eu tenho idade… Passamos dois dias lá, dormimos na praia.

De Trancoso ninguém tinha ouvido falar ainda.

Depois, Itabuna e Ilhéus, conhecer o ar, o mar e os personagens de Amado.

Depois, Salvador, onde nos hospedamos numa república de estudantes e tinha o melhor e mais autêntico Carnaval do Brasil.

A Bahia passou a ser uma visita obrigatória na minha vida.

Bahia de Dorival, Tom Zé, Raul Seixas, Glauber, Gil, Caetano, João Gilberto, João Ubaldo, Novos Baianos, Cor do Som, Gal Fatal, Marcelo Nova e Camisa de Vênus…

Na década de 90, eu ia pelo menos 3 vezes por ano. Receber uns passes no GANTOIS, levado pela minha amiga TERECO, ouvir os conselhos de Xangô, comer bem, ver a transformação da cidade, me esbaldar no Trapiche, Dada e com as muitas baianas de acarajé.

Cheguei a ensaiar uma peça lá só com atores baianos. O jovem e desconhecido LÁZARO RAMOS estava no elenco.

Fiz amigos. Como o jornalista Hagamenon Brito, roqueiro, cítico de música, polêmico, irônia afiada, quem cunhou o termo “axé music”.

Pouco a pouco, fui perdendo o interesse pela Bahia. Especialmente pela cultura que vinha de lá. E pelo que os paulistas endinheirados estavam fazendo com aquele paraíso que hipnotizou Vaz de Caminha.

Trancoso ainda é deslumbrante. Mas o transfomaram no parque de lazer da elite. Caraíva foi tomada. Itacaré. Basta uma vila de pescadores, para estarmos lá, a paulistada [me incluo, pois passei o réveillon de 2007 lá e esvaziei a carteira] e a gringaiada, com grana, seduzindo, alugando, comprando, criando empreendimentos, campos de golfe, resorts em ilhas antes desertas, pistas para seus jatinhos.

Já me perguntei por que Pernambuco oferece o que há de melhor na nova música brasileira, revoluciona [NAÇÃO ZUMBI, MUNDO LIVRE, OTTO, EDDIE, MOMBOJÓ, INSTITUTO, JUNIO BARRETO, 3 NA MASSA, LIRINHA etc. etc. etc], e da Bahia hoje em dia ecoa apenas a voz estridente e insuportável de Ivete Sangalo e Cláudia Leite!

Por isso mesmo, explicam os meus amigos que entendem: a indú$$$tria do Carnaval sufocou a cultura baiana.

E na orla, em que passam os trios elétricos, só tem camarotes.

Adianta ROBÉRIO SANTANA, baixista do CAMISA, queimar ABADÁS? Tomara que sim.

Meu amigo HAGAMENON escreveu um desabafo na sua coluna do CORREIO DA BAHIA, na semana passada (06 de abril de 2010), comovente, que retrata o que é a Bahia na atualidade.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva

Acontece que sou baiano, também !!!


Eu moro em Salvador, onde os homens mijam em via pública sem nenhum pudor. Como se fossem cachorros que levantam a perna em qualquer poste, não se importando com quem passa. Tem cachorro branco, cachorro negro, cachorro pardo... cachorro de toda cor, variedade e tamanho. Certamente, também tem cachorro exibicionista, cachorro voyeur, cachorro dos quintos dos infernos. O cheiro de mijo e a sujeira são referências seculares da Cidade da Bahia. Bonito, massa.

Será que, se tivesse a praticidade da anatomia masculina, a mulher baiana também mijaria na rua, numa boa? Talvez. O povo baiano é muito folgado. Pronto, falei. Mal te conhece, quer saber o número do teu RG, CPF, se você já comeu a vizinha - ou o vizinho - do lado e o que tem em sua mesa. Na fila do Elevador Lacerda ou em um banco, é melhor evitar dar bom-dia, ou a pessoa te conta toda a vida. Ela faz um talk show.

O soteropolitano se considera o rei da cocada preta, mesmo que sua capital tenha uma orla favelada, um nível de barulho enlouquecedor, uma axé music de gosto mais que duvidoso, uma pobreza social que seus shoppings centers não conseguem ocultar, um sol que se esconde a maior parte dos 365 dias do ano e que ele sofra de complexo de inferioridade disfarçado de excesso de autoestima.

De manhã, o dono da banca de revistas da minha rua, no Rio Vermelho, me oferece as publicações que eu gosto e diz: o senhor tem razão. De quê, pergunto. De achar que Salvador virou um balneário tropical de terceira categoria. A mão de obra e o atendimento são ruins, não melhoram, a cidade está parecendo o Rio em violência e o trânsito piorou muito. Sabia que todo mundo aqui na rua agora desembolsa R$ 30 para ter segurança particular?

Os problemas do trânsito de Salvador me fazem duvidar do ditado “baiano burro nasce morto”. Falta vontade política para melhorar o sistema de transporte público de Salvador e uma mudança de mentalidade do soteropolitano, para quem, desde que o samba é samba, andar de ônibus (minimetrô superfaturado? quando mesmo?) é coisa de pobre, é humilhante. Como nos últimos anos ficou fácil comprar carro, a Paralela caminha rápido para ser nossa Marginal Tietê.

Eu moro em Salvador, tida como a cidade de maior população black fora do continente africano, onde matanças contra jovens negros pobres são constantes, sem que a sociedade realmente proteste, faça alguma coisa séria. Ah, os adolescentes são bandidos, merecem morrer? São mesmo? Isso é coisa de guerra de traficantes? Polícia boa é aquela que mata? Quem liga para essa gente feia, senão suas mães negras chorosas?

Ora, direis, esse sujeito nasceu onde? Aqui, meu caro, neste bonito e histórico cu do mundo. Se digito essas observações em um Sábado de Aleluia é porque sou baiano também e escolhi Salvador para malhar este ano. Ora, direis, esse infeliz está mais jururu do que um caramujo. Não, são apenas constatações. Queres que eu mude para Reykjavik? Não mudo. Salvador é tão minha quanto de Bell Marques, Nizan Guanaes, Claudia Leitte e sua.

* * *

Só quero viver em paz na cidade que escolhi para morar e ver minhas crianças crescerem. Não quero ser como João Ubaldo Ribeiro, que reside no Rio e passa férias numa Itaparica que ele guarda na memória. O melhor lugar do Brasil tem que ser aqui e agora. Ainda dá tempo.


* * *

Deve existir um homem feliz em Salvador.


Texto publicado originalmente na coluna Hagamenon Brito, no jornal CORREIO, dia 06 de abril de 2010.