quinta-feira, 16 de abril de 2009

Roupas e Acessórios Anti Furto

Coronel da PM desenvolve design de roupas e acessórios para evitar furtos

Projeto 'Design Contra o Crime' foi realizado em parceria com Senai.
Peças criadas dificultam acesso de criminosos a bolsas e carteiras.

Do G1, em São Paulo


Mochilas reforçadas são sugestões do projeto de Bondaruk em parceria com o Senai (Foto: Divulgação/Senai-PR)

A partir de uma tese para o curso de doutorado em Estratégias de Segurança Pública, um comandante da Academia Policial Militar do Guatupê, no Paraná, desenvolveu proposta que usa o design de roupas e acessórios para combater crimes como furtos e roubos. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que disponibilizou uma equipe de designers para o projeto, as primeiras peças já começaram a ser desenvolvidas.

O projeto Design Contra o Crime, do coronel Roberson Luiz Bondaruk foi desenvolvido entre 2005 e 2007, com base em pesquisa realizada com 287 presos do Paraná, que cumpriam pena por furto ou roubo. “Nós estudamos a psicologia dos criminosos, seu modo de escolher locais propícios e vítimas para o crime”, diz Bondaruk.

A pesquisa permitiu concluir que roubos e furtos são motivados principalmente pelo comportamento inadequado das vítimas. “Muitas pessoas carregam produtos de forma inadequada, andam sem prestar atenção à sua volta e isso as torna presas fáceis, atrai os criminosos”, afirma o coronel.

Segundo ele, o exemplo clássico é o do laptop. “Antigamente a forma mais comum de carregar o computador portátil era utilizando aquelas bolsas retangulares. Qualquer um sabia que ali dentro tinha um laptop e isso facilitava as ações criminosas. Com o tempo, o próprio mercado percebeu isso e mudou o design das malas, transformando-as em mochilas. Esta é justamente a função do design no combate ao crime.”


Bolsas e mochilas

A partir da análise comportamental dos criminosos, Bondaruk pensou em uma série de mudanças que poderiam ser feitas no design de roupas e acessórios. “Perguntamos para eles, por exemplo, que tipo de bolsas de mulher eles achavam mais fáceis de roubar ou furtar. Os presos responderam que eram as bolsas de couro mole, pois ajudava na hora de abrir o material com um golpe de estilete. As que são fechadas com zíper ou cordões para amarrar – justamente as mais vendidas em Curitiba – também facilitam o furto, sem que a pessoa perceba.”

De posse destas informações, Bondaruk e os designers do Senai desenvolveram uma bolsa com tela de náilon que dificulta a abertura com golpes de estilete. Além disso, o modelo tem o bolso principal na parte traseira, que fica voltada para as costas enquanto a pessoa está andando. Na parte da frente, um fecho com cadeado impede a abertura dos demais compartimentos.


Lugares estratégicos

Segundo o coronel, a moda atual, que valoriza linhas mais arrojadas, acaba lançando peças como calças sem bolsos , obrigando as pessoas a carregar a carteira na mão, o que facilita o furto. “Quando tem bolso, eles são rasos e isso também facilita a vida do criminoso”, diz.

                Bolsos em lugares incomuns dificultam ação dos                     criminosos (Foto: Divulgação/ Senai-PR)

Bolsos em lugares incomuns dificultam ação dos criminosos (Foto: Divulgação/ Senai-PR)

Bondaruk explica que “bolsos são grandes amigos da segurança”, desde que sejam corretamente confeccionados. Quanto mais bolsos e mais profundos, ou em lugares menos acessíveis, melhor. Mas ele ressalta: “esses detalhes devem estar em harmonia com a estética da roupa”.

Uma das soluções propostas pelo policial foi a criação de calças com bolsos próximos às barras. “Isto obrigaria o criminoso a se abaixar para tentar o furto, tornando a ação muito mais difícil”. Para os bolsos convencionais, a recomendação é que sejam mais profundos. Já as jaquetas foram criadas com compartimentos internos ou externos, mas em lugares pouco usuais, como as mangas.

Coisa de policial?

Coronel da PM e Senai criam design para combater furto

"Coronel, o senhor não é designer.” Esta é uma das frases que Bondaruk mais ouviu enquanto desenvolvia seu projeto. “Teve algum preconceito, sim. Muita gente pensa que isso não é função da polícia, porque ainda existe aquela imagem do policial truculento, e quando vamos falar em tecnologia, as pessoas estranham.”

Por isso a parceria com o Senai foi essencial, de acordo com o coronel. “Além de terem o conhecimento necessário, eles são referência em formação de designers”. Quando terminamos o projeto, sabíamos que seria necessário um centro difusor da idéia.

O projeto Design contra o Crime conquistou, em 2009, o prêmio internacional Hermès de l’Innovation, na categoria Inovação e Desenvolvimento Humano. Concedido pelo Instituto Europeu de Inovação e Estratégias Criativas, o prêmio será entregue ao coronel e à equipe de designers no dia 25 de maio, em Paris.

Fonte: http://g1.globo.com

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