quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Erros da Polícia Resultaram em Derrubada de Helicóptero da PM no Rio

'Extra' revela: erros da polícia resultaram em helicóptero abatido

Em caderno especial publicado em 17 de outubro, o jornal "Extra" revelou que o abate do helicóptero da PM, há um ano, não foi uma tragédia acidental. Segundo a reportagem assinada por Fernando Torres, Guilherme Amado e Guto Seabra - que durante 32 dias entrevistaram 68 pessoas e conseguiram 7.287 páginas de documentos, a queda do helicóptero foi resultado de erros de avaliação da Polícia Militar, que subestimou o poder de fogo do tráfico de drogas.

Segundo a matéria, o comandante do 6o BPM (Tijuca), coronel Fernando Príncipe - hoje na geladeira, depois de ter feito declarações que entraram em conflito com a Secretaria de Segurança e o governo do estado - recebeu um telefonema avisando da invasão de traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, cinco horas antes da ação. Príncipe alertou o comandante do 1o Comandando de Policiamento de Área da PM, coronel Marcus Jardim, que por sua vez avisou o chefe do Estado Maior Geral da PM, coronel Álvaro Garcia. A reportagem não informou se o Serviço Reservado da PM foi alertado, assim como o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio, que no dia do episódio demonstrou estar bastante nervoso.

Mas a PM não foi a única a saber. Uma escuta telefônica feita por uma delegacia da Polícia Civil também detectou a movimentação dos bandidos do Complexo da Penha, que invadiriam o Morro dos Macacos. segundo a matéria o então direetor do Departamento Geral de Polícia da Capital, Ronaldo Oliveira, e o subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança, Rivaldo Barbosa, também foram informados. Mas a Polícia Civil, apesar de saber, não aciona delegacias ou a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). A reportagem também não informou se o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foi alertado.

Na ocasião, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, reconheceu que a polícia sabia, mas foi desmentido pelo governador Sérgio Cabral.. Mais de 48 horas, um helicóptero abatido e 13 pessoas mortas, o governador diz que ninguém sabia, conforme foi publicado ontem no "Extra".

O que a brilhante reportagem do "Extra" - num belo trabalho de reconstituição - comprova é que o descaso da polícia com uma informação preciosa acabou colocando em xeque a segurança de toda uma parte da cidade e, pior, custando a vida de três bravos policiais do GAM, o Grupamento Aero-Marítimo da PM, que agora será subordinado ao Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM), talvez a única lição apreendida pela polícia com o episódiio.

A matéria revela também um problema de infraestrutura da PM. Apesar de ter obtido informações de que os bandidos estariam fortemente armados, a PM enviou 52 policiais para enfrentar uma quadrilha formada por 150 homens e, ainda por cima, mal equipados. Um tenente contou em depoimento que fuzis usados pelos PMs entraram em pane.

O "Extra" diz na matéria que ficou sem respostas das autoridades às seguintes perguntas que reproduzimos aqui, para a reflexão de toda a sociedade:

"AO SECRETÁRIO JOSÉ MARIANO BELTRAME - Por que apenas 20 policiais do 6o BPM foram deslocados para a região do Morro dos Macacos, já que havia a informação de que o traficante Fábio Atanásio da Silva, o FB, participaria da invasão. (FB foi o chefe da ação criminosa que derrubou o helicóptero, tem 21 mandados de prisão e continua soltinho da silva).

AO CORONEL MÁRIO SÉRGIO, comandante-geral da PM - Por que as aeronaves do GAM continuam sem blindagem, mesmo após a queda do Fênix 37? Por que os parentes dos mortos não recebem os benefícios de acordo com a patente dos policiais recebida após a tragédia?

AO DELEGADO ALLAN TURNOWSKI, chefe da Polícia Civil - Por que a própria Polícia Civil, que tem unidades especiais como DCOD (Delegacia de Combate às Drogas) e Core não tentou evitar a invasão?"

Com a palavra, as autoridades da segurança pública.

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