quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Morre, aos 88 anos, a Major Elza Cansanção Medeiros

Morre mulher mais condecorada do Brasil

Major Elza recebeu 35 medalhas, segundo CML. Ela serviu como enfermeira na Segunda Guerra Mundial.

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Faleceu nesta terça-feira (8), aos 88 anos, a major Elza Cansanção Medeiros, mulher mais condecorada do Brasil, segundo o Comando Militar do Leste, com 35 medalhas. Major Elza, que morreu no Rio, foi a primeira brasileira a se apresentar como voluntária na Diretoria de Saúde do Exército, para lutar na Segunda Guerra Mundial, aos 19 anos de idade.

Elza Cansanção Medeiros, ou Major Elza como era mais conhecida, nasceu no dia 21 de outubro de 1921 e era filha do médico sanitarista Tadeu de Araújo Medeiros, amigo de Alberto Santos Dumont e auxiliar direto de Oswaldo Cruz na campanha contra a febre amarela.

Com os pais, alagoanos, aprendeu a atirar, ainda na adolescência. Com as governantas alemãs que serviram a sua família na Copacabana da década de 1930, aprendeu Música e idiomas. Foi à primeira brasileira a se apresentar como voluntária, na Diretoria de Saúde do Exército, para lutar na Segunda Guerra Mundial, aos dezenove anos de idade. Embora sonhasse em lutar na linha de frente, teve que se conformar em seguir como uma das setenta e três Enfermeiras no Destacamento Precursor de Saúde da Força Expedicionária Brasileira, uma vez que o Exército Brasileiro, à época, não aceitava mulheres combatentes.


Na manhã do dia 16 de julho, deu-se o batismo de fogo da enfermeira Elza. Designada para a seção hospitalar brasileira do 45th Field Hospital, Elza foi incumbida de receber cerca de 300 brasileiros que chegaram baixados do General Mann e que para aquele hospital haviam sido encaminhados. Distribuídos nas várias enfermarias que compunham o 45th Hospital, os pracinhas ficaram também sob os cuidados das enfermeiras e dos médicos norte-americanos. Dado que os brasileiros e os norte-americanos não compreendiam o idioma um do outro, a enfermeira Elza foi também intérprete, tendo seu nome bradado pelos alto-falantes do hospital inúmeras vezes: “Miss Medeiros, please, ward 5th! Miss Medeiros, Ward 9th!”

De volta ao Brasil, passa os dois anos seguintes viajando e, em 1947, ingressa, por concurso público, no serviço médico do Banco do Brasil, cargo que ocupa nos doze anos seguintes, período o qual se gradua Jornalista, recebe sua carta patente de 2º Tenente, além de vários elogios e medalhas pelo seus serviços de campanha, das quais a de Guerra, a de Bronze, a da Cruz Vermelha Brasileira e a de Santos Dumont. Publica também seu primeiro livro sobre a odisséia da FEB nos campos da Itália: Nas barbas do Tedesco (1955).

Por força da lei nº 3160, de 1º de junho de 1957, as enfermeiras voluntárias da FEB que desejassem poderiam requerer sua reversão ao serviço ativo, no Serviço de Saúde do Exército, no posto de 2º Tenente. Elza, por ocasião da lei é convocada e, a 19 de setembro daquele ano, reingressa no Exército, ficando adida à Diretoria Geral de Saúde.

De 1957 a 1962 serve em várias unidades, é condecorada pelo governo do Paraguai com a medalha Abnegacion y Constancia Honor al Merito, apresenta trabalhos em congressos de Medicina Militar e de Enfermagem e profere palestras às turmas de formação da Escola de Saúde do Exército. Em todas as atividades que participa destaca-se pelo profissionalismo e recebe inúmeros elogios. Como resultado, a 21 de Setembro de 1962, o Ministro da Guerra resolve promovê-la ao posto de 1º Tenente Enfermeira, a contar de 25 de agosto daquele ano.

De 1963 a 1965 fica agregada, a fim de reassumir suas funções no Banco do Brasil. Em janeiro de 1965 passa a disposição do Serviço Nacional de Informações lá permanecendo até junho de 1966. Reverte uma vez mais ao serviço ativo do Exército em 22 de novembro de 1965. A 24 de outubro deste ano é agraciada com a Medalha do Pacificador. Serve na Policlínica Central do Exército e na Clínica de Cardiologia. Continua a proferir palestras na Escola de Saúde e a receber elogios de todos que lhe privam da vida profissional.

Por força do agravamento de seu estado de saúde e de um diagnóstico confirmado de espondilo artrose anquilisante – moléstia adquirida em zona de combate – a 12 de abril de 1976, aos 54 anos, a 1º Tenente Enfermeira Elza é reformada dois postos acima na hierarquia militar, como Major. Atualmente, neste posto, foi reconhecida como a Decana das mulheres militares do Brasil.

Aulas para pilotar ultraleves

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Em 1957, as mulheres foram reconvocadas, podendo vir a ser militares de carreira. Dona Elza então retornou, continuando a trabalhar como enfermeira. De acordo com o CML, Elza era formada em jornalismo e, mesmo tendo trabalhado no Serviço Nacional de Informações (SNI), jamais pensou em abandonar a carreira militar.

Além de brilhante carreira militar, formou-se em Jornalismo, História das Américas, Psicologia, Parapsicologia, Turismo e Relações Humanas. Com conhecimentos de mecânica, escultura, pintura e tapeçaria, deu a volta ao mundo duas vezes, esteve na Antártida, aprendeu a pilotar ultraleves aos sessenta anos de idade.

Fundou e dirigiu duas revistas e assinou várias colunas em jornais do Rio de Janeiro e de Recife, tendo escrito três livros sobre a sua participação na Segunda Guerra. Apresentou ainda inúmeros trabalhos em congressos de medicina militar, com especial destaque para as Sugestões para a criação de um Corpo Auxiliar Feminino para as Forças Armadas, base para a abertura das Forças Armadas do Brasil à participação das mulheres.

Membro da Academia Alagoana de Cultura, atualmente, dedicava-se à preservação da memória fotográfica da FEB. Major Elza é detentora de 36 condecorações militares e paramilitares, destacando-se a:

Ordem do Mérito Militar – nos graus de Cavaleiro e Oficial;
Medalha de Campanha da Força Expedicionária Brasileira;
Medalha do Mérito Tamandaré;
Meritorius Service United Plaque (Exército dos Estados Unidos);
Medalha de Guerra;
Medalha do Soldado Polonês Livre;
Medalha Ancien Combatant du Tatre du Operacion du L’Orope – França (única mulher a ser agraciada).

Velório no Palácio Duque de Caxias

Major Elza, faleceu nesta terça-feira (8), aos 88 anos, vitima de complicações após uma queda em que o fêmur foi fraturado. O corpo da Major Elza será cremado após o velório, que esta acontecento, neste momento, no salão nobre do Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Fontes:
http://pbrasil.wordpress.com/2009/12/09/morre-aos-88-anos-major-elza-cansancao-medeiros-decana-das-mulheres-militares-do-brasil/
http://www.forte.jor.br/


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