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quarta-feira, 9 de março de 2011

Bomba no Carnaval de Salvador

Policiais militares de Salvador encontraram um artefato suspeito de ser explosivo, na madrugada desta terça-feira (8), no bairro Piedade, próximo ao circuito Campo Grande. Segundo Secretaria de Comunicação da Bahia, o Departamento de Polícia Técnica iniciou o trabalho de perícia do material por volta da 1h. O objeto foi detonado no local como medida de precaução. Seguindo o procedimento padrão, a área precisou ser isolada para que os técnicos efetuassem a detonação.

Polícia isola parte de avenida no Campo Grande para averiguar material suspeito de ser explosivo (Foto: Francisco Carlos/Agência Haack)
Segundo a polícia militar, o artefato foi deixado embaixo de um posto policial no bairro da Piedade, onde fica o circuito Campo Grande, o maior e tradicional carnaval da região.

O trecho onde estava o explosivo foi bloqueado. A Divisão Antibomba da polícia esteve no local e detonou o objeto.

De acordo com informações dos militares, ainda não tem pista de quem colocou a suposta bomba no local. Nenhuma testemunha soube apontar suspeitos.

O suposto explosivo já foi encaminhado para o Departamento de Perícias Técnicas, onde será analisado.

Fonte: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/03/policia-de-salvador-isola-area-no-campo-grande-por-suspeita-de-bomba.html
http://noticias.r7.com/cidades/noticias/ameaca-de-bomba-interrompe-carnaval-em-salvador-20110308.html

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Bope pode voltar às origens

ENTREVISTA / Tenente-coronel Wilman René Gonçalves Alonso

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"Da tela triste tiramos ensinamentos e nos transformamos." A frase é do comandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope), tenente coronel Wilman René Gonçalves Alonso, oficial com mais tempo na unidade - 15 anos.

Em entrevista ao Comunidade Segura, ele revela o dinamismo do Bope, das operações de combate ao tráfico à interação social com as comunidades, do resgate de reféns ao resgate de famílias ilhadas pelas enchentes na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Para o coronel René, como é conhecido, o processo de pacificação abre a possibilidade de o Bope retornar à sua origem - uma unidade para resgate de reféns. Mas antes, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 trazem uma nova ameaça: o terrorismo. “Estamos nos preparando para o pior”, afirma.

Como o senhor vê o futuro do Bope?

O Bope está sempre se modificando em função das necessidades, mas uma coisa é certa: estamos imaginando que o nosso futuro será voltar à origem. Inicialmente, o Bope foi criado como uma unidade para resgatar reféns, mas outras ameaças surgiram e tivemos que atender a essa demanda. Mas, com esse processo de pacificação caminhando, podemos imaginar que daqui a uns 20 ou 30 anos as coisas voltem a ser como antes e voltemos a ser uma unidade de resgate de reféns. Mas sempre pensamos também na pior hipótese. O crime é algo dinâmico. Poderá surgir um novo tipo de ameaça? Vão criar uma nova forma de se comportar, de agir? É um cenário ainda nebuloso, mas para o qual já estamos atentos.

Há uma preparação especial para os grandes eventos esportivos que vêm pela frente?

A Olimpíada e a Copa do Mundo estão sendo o foco da nossa preparação. Estes eventos vão exigir alguns procedimentos técnicos e tecnológicos voltados para ameaças neste cenário. Estamos atentos ao terrorismo e preparados para entrar na área dos grandes eventos. A partir do momento em que o Brasil se firmou como um forte candidato à sede, começamos a nos preparar. Estamos equipando a tropa. Temos um projeto de modernização da unidade. Fazemos treinamentos no Brasil e no exterior. Há três anos já estamos fazendo intercâmbios e nos aprimorando. O terrorismo é a grande expectativa, já que nunca aconteceu por aqui. Estamos nos preparando para o pior.

O senhor é o oficial com mais tempo no Bope – 15 anos. Quais foram os momentos mais críticos que vivenciou na unidade?

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É muito triste quando tem as perdas. É mais um policial, um cidadão que a gente perde por essa violência que se abateu pela cidade. Há também os fatos negativos, como o do ônibus 174, que marcou muito a nossa unidade. Apesar de termos uma capacidade grande de recuperação e de transformar perdas em oportunidades de crescimento, é muito chato quando temos um desfecho que não é o que a gente esperava. Outro caso marcante foi o do menino João Hélio, que foi arrastado num roubo de carro. Muitos aqui têm filhos, nos olhávamos e não conseguíamos tocar no assunto, tamanha a angústia. O policial do Bope percebe que tem que fazer alguma coisa. Então enfim veio uma ordem: vocês têm que atuar lá.

E quais foram as ações?

A PM tinha feito um cerco na região do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro e dois policiais haviam sido mortos de uma maneira bastante cruel. Naquele momento o Bope foi acionado e foi a hora que conseguimos falar “até que enfim que a gente vai mostrar que não está tudo perdido”.

No primeiro dia de operação morreu um policial do Bope, deu na capa do jornal. Percebemos algo muito perigoso e noticiamos: um marginal extremamente agressivo e cruel, a região toda compartimentada, fechada, só com algumas ruas dando passagem. Um quadro extremamente grave. Depois de 10 dias de operação ininterrupta, a população começou a passar por nós e falar, de uma forma muito tímida, “vocês não podem ir embora”, principalmente as senhoras. Só que o Bope não é uma unidade que permanece ad eternum. Alertamos que era preciso permanecer, senão o problema voltaria. A gente foi embora e o problema voltou.

A partir dali desencadeamos uma série de operações e posso afirmar que muito do que se fala de pacificação hoje tem a ver com o que aprendemos ali, assim como com a nossa experiência no Tavares Bastos (favela ao lado da sede do Bope).

E os marcos positivos?

Recentemente houve o sucesso da reconquista daquele espaço, após quatro anos sem ninguém entrar. E agora tem alguém para ficar. Temos mais marcos positivos do que negativos. Do 174 para cá, não perdemos nenhum refém ou policial. Da tela triste tiramos muitos ensinamentos e nos transformamos. Procuramos capacitar o pessoal de uma forma mais precisa, criamos um serviço específico voltado para esse tipo de atividade, investimentos foram feitos nessa área de retomada e resgate.

O que mudou na estratégia de incursão em favelas depois das UPPs?

O Bope está sempre se adaptando. O modelo UPP gerou aqui uma mudança muito grande de conceitos. Éramos uma unidade formada basicamente para o combate ao narcotráfico, hoje estamos mudando. A gente retira as ameaças, mas cuida da população também. Estamos ali para proteger e garantir as vidas. No processo de pacificação, a primeira fase é a dura, a gente vai buscar, prender, capturar, retirar armas e, com os marginais que resistem, infelizmente temos que fazer uso da força letal. Mas depois começa a fase de aproximação com a comunidade. Mostramos que precisamos deles, e isso é uma grande marca.

Há diálogo com as pessoas?

Provocamos reuniões com as comunidades locais onde há uma conversa muito franca. O comandante do Batalhão explica por que os policiais estão ali e o que vai acontecer - vamos precisar fazer revistas, entrar nas casas, parar o transporte, fazer todos descerem, entrar numa escola, numa creche, pedir a uma criança para abrir a mochila - o que é muito chato para nós, mas é necessário, visto que o tráfico faz uso deste tipo de público. O comandante pede que as pessoas participem e ajudem, porque moram ali e conhecem o local.

Tentamos buscar interação com a população e criar interação entre a comunidade através de nós. Desenvolvemos atividades comunitárias. O policial é um combatente, mas também está envolvido em atividades esportivas com crianças da favela ou em eventos religiosos. Logo depois de todas as nossas grandes operações, sempre fazemos um evento religioso nas comunidades. Congregamos toda a população, não só os evangélicos, e tentamos fazer com que todas as crianças participem. Levamos o som, os convidados, personalidades etc.

A atuação do Bope é bem aceita?

Criamos procedimentos técnicos para minimizar o impacto. Nas reuniões, anotamos as reclamações e encaminhamos a um procurador. Caso haja implicações legais, colocamos a tropa em forma e informamos que determinado tipo de ação pode gerar um questionamento legal. Quase em tempo real aparamos os problemas. Uma grande evolução são os sargentos que recebem as reclamações. Eles têm rosto e um telefone celular ligado 24 horas por dia. A pessoa liga e o sargento vai lá, a paisana, ouve a queixa e tenta explicar por que aquilo foi necessário ou orienta sobre o que fazer.

Se a pessoa está se sentindo realmente lesada, ela é convidada a ir no Bope e fazer o registro, e há um procedimento apuratório. Se preferir, ela pode fazer a denúncia numa corregedoria ou ouvidoria. Isso é falado abertamente e gera nas pessoas até um estranhamento. Mas os problemas que aconteceram nas ocupações foram, na maioria, resolvidos com uma explicação, um pedido de desculpas e um aperto de mão. Não tivemos mais queixas em ouvidoria ou delegacia.

Moradores denunciaram mortes na ocupação do Alemão e há denúncias de abuso por parte de policiais do Bope. Essas denúncias estão sendo apuradas?

A operação no Complexo do Alemão agregou outras instituições. Tivemos reclamações nesse sentido sim. Mas quando verificamos a localidade, vimos que o Bope não esteve nessa região. Um protocolo quando temos várias instituições trabalhando num espaço é demarcar as regiões, porque já conhecemos os problemas. A atuação do Bope foi na área do Morrão, e não nos locais dos questionamentos.

Por outro lado, há o problema do uso de uniformes. O Bope tem um padrão. Outras instituições, por não ter um padrão de uniforme definido, como algumas unidades da Polícia Civil, acabam adotando equipamentos muito semelhantes. Em função dos problemas, criamos um diferenciador no nosso uniforme, que é um símbolo grande no braço com a caveira, para melhor caracterizar um policial do Bope. Os problemas que estão sendo apurados pela Corregedoria não dizem respeito à nossa unidade.

Um dos diversos boatos ouvidos sobre esta ocupação é que traficantes teriam fugido dentro de uma viatura da Polícia Civil de Cabo Frio e até dentro do blindado do Bope. Essas denúncias estão sendo investigadas?

Na operação do Complexo do Alemão, nós estávamos na Vila Cruzeiro. Como um camarada iria fugir com um blindado nosso se nós não estávamos lá? Só tínhamos um blindado naquela noite e estava estacionado na Vila Cruzeiro. Havia um planejamento de entrarmos no Alemão num horário X. No horário em que isso teria acontecido, estávamos todos na Vila Cruzeiro. São declarações que estão soltas por aí não sei com que objetivo.

Há câmeras dentro dos blindados?

Não, mas há um controle de GPS, então é fácil apurar. Mas coloco a minha mão no fogo que isso não aconteceu.

O filme Tropa de Elite fortaleceu ou prejudicou a imagem do Bope?

Essa é a grande interrogação. O primeiro filme foi uma produção independente, do diretor Padilha e do Pimentel, que serviu aqui conosco e de quem gostamos muito. Não é um documentário, não traduz a realidade e as coisas que acontecem aqui. Ele procura buscar uma ligação com a realidade, mas é a visão deles, é um retrato da instituição em um determinado momento, entre 1995 e 1996.

De lá pra cá, muita coisa se modificou. O filme causou um grande espanto. De um lado, mostrava uma instituição policial extremamente desgastada, sem equipamento, com corrupção. Por outro, mostrava uma unidade extremamente vocacionada, motivada, obstinada, mas também com um grau de violência muito grande.

Talvez um leigo não entenda, mas do lado de lá há marginais extremamente agressivos. Em nenhum lugar do mundo há, numa área urbana, camarada com fuzis, granadas, que expulsam pessoas, cortam cabeça e incendeiam gente, como foi o caso do Tim Lopes e outros. O filme também mostrou um lado que ninguém havia mostrado ainda: de que maneira a sociedade se comporta com relação a isso. E aí foi um grande choque. No cenário, um aluno de faculdade, que era o consumidor, é contra a ação policial, mas também se torna vítima.

No ano do lançamento do filme, participamos pela primeira vez do desfile de 7 de setembro. Era uma prova de fogo pra nós. Fomos aplaudidos do início ao fim da avenida, literalmente. Uma grande surpresa. Foi sintomático: a população não queria mais esse quadro limite de violência e acreditava muito na gente, pelo que vimos. Isso aumentou muito nossa responsabilidade e trouxe também, obviamente, notoriedade e publicidade.

Na sua opinião, essa aprovação da sociedade se deve à percepção de o Bope ser a unidade "que mata os bandidos" ou à sua fama de séria e incorruptível?

As duas coisas. Primeiro, ninguém mais aguenta esse quadro que estamos vivendo no Rio de Janeiro, o cidadão sair de casa e não saber se vai voltar. Aí entra aquela figura do imaginário que vai tratar disso. Todo mundo tem sede de matar, e se alguém tem que matar, esse alguém tem que ser nós. Por outro lado, é a questão da corrupção também. Isso é uma marca nossa. Não permitir, não aceitar.

O que a tropa deve fazer se houver reação numa operação?

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O Bope não entra atirando. Primeiro, temos preparação técnica para não fazer isso. Segundo, temos o blindado, que é um equipamento de proteção, que nos protege dos tiros que tomamos. Existe uma coisa chamada seletividade do tiro. Somos treinados para efetuar disparos naquilo que a gente vê, que está próximo, que legalmente nós entendemos como um “alvo atirável”. Há um aspecto legal, a lei que dá o embasamento para a resposta do tiro. Além da preparação técnica, fazemos o controle de consumo de munição.

Mas, do lado de lá, há um camarada extremamente cruel, que faz uso de um fuzil, uma arma de guerra, de uma forma totalmente descompromissada. É um cenário difícil e delicado. E a resposta tem que ser dura. Operações especiais para problemas especiais. Não dá para aplicar o padrão policial tradicional, “para, baixa a arma, joga ela no chão”, com um camarada armado de fuzil, quatro carregadores e uma bolsa de granadas. Não funciona assim. Temos um pequeno número de policiais mortos em serviço, mas um grande número de policiais lesionados em serviço por estilhaçamento por fragmentos de granadas. É um cenário que nós enfrentamos.

E como é o treinamento dos policiais?

Para ser policial do Bope é preciso passar pela Academia de Oficiais ou a Escola de Praças como todos os outros. Depis de formado, o policial é convidado a fazer um curso de especialização da unidade. Para os oficiais é o curso de Operações Especiais, de três meses, que capacita o oficial a cumprir todo e qualquer tipo de operação no cenário do Rio de Janeiro.

E para os cabos e soldados há o curso de Ações Táticas, de 45 dias, que dá uma noção técnica mínima para as operações em área urbana, tanto contra o narcotráfico como de resgate de refém. Terminados esses cursos eles vêm servir na unidade, mas passam constantemente por treinamentos. Estamos sempre em evolução. Hoje fazemos intercâmbios fora do país.

Como os policiais são capacitados para a missão de entrar em comunidades? Há noções de direitos humanos?

Os direitos humanos chegaram no Brasil meio que empurrados. Difundiu-se aquela ideia de que direitos humanos são para bandido. E na verdade não são. Os maiores destinatários e defensores somos nós. Mas isso não foi explicado e conduzido de uma maneira correta por algumas instituições e segmentos da sociedade.

As primeiras instruções do Curso de Operações Especiais são sobre direitos humanos, comunicação com o público, linguagem corporal. Há protocolos da ONU sobre como tratar a população civil. Comparando as nossas ações com as de forças armadas do mundo inteiro, temos padrões de operação muito semelhantes. Não há como afastar a população civil deste processo, ela é a destinatária do nosso trabalho. É protocolar trazer palestrantes da área de direito, sociologia, psicologia. Temos uma psicóloga aqui cujo trabalho é fundamental. Semana passada tivemos uma palestra sobre gerenciamento de recursos humanos e tratamento de erro.

O que é tratamento de erro?

Quando se erra durante a execução de seu trabalho, que medidas devem ser tomadas dos pontos de vista legal, ético, técnico? Qual é o entendimento da instituição? Trabalhamos para que não se erre e para que o nível de segurança seja o maior possível. Mas existe a possibilidade de sairmos lesionados e eventualmente de errarmos, produzindo resultados indesejados. Isso está previsto na nossa atividade, não há como negar. Mas temos que trabalhar para reduzir isso a zero.

Como o senhor vê o processo de mudança do Bope? O que era antes e o que é agora?

O Bope é uma unidade extremamente dinâmica. Surgiu em 1978 em função de uma ocorrência com reféns. Na Quinta da Boa Vista havia um presídio onde houve uma rebelião, os diretores foram tomados reféns. Na época não existia na estrutura da segurança do estado uma unidade com capacidade de dar uma resposta àquela necessidade. O coronel Amêndola fez uma proposta, convenceu o secretário e veio a ser o primeiro comandante do Bope.

Os anos se passaram e começamos a ver um tráfico se aproveitando das áreas carentes, das favelas, tirando vantagem por causa do terreno, da situação geográfica, da pobreza. Os traficantes ocuparam o espaço e se armaram. Para que se faça frente a essa ameaça é preciso ter policiais treinados e habilitados numa unidade especial. E quem dentro da estrutura de segurança tem essa capacidade? O Bope. Então na década de 1980 começamos a criar procedimentos contra essa nova ameaça.

O Bope está sempre evoluindo e acompanhando a demanda de acordo com a violência. Como somos uma unidade especial, temos que estar atentos ao que está acontecendo e criar procedimentos para inibir qualquer tipo de ameaça que apareça na nossa sociedade.

Como é o relacionamento com a população da favela Tavares Bastos, onde o Bope está localizado?

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O Bope chegou na Tavares Bastos em 2000. Era uma favela perigosa e nossa primeira atitude foi de reprimir. Depois, fomos nos aproximando naturalmente da população. Aqui não tem cantina. Para tomar uma Coca-Cola tem que ir ali comprar. Converso com o dono do bar. Temos um campo de futebol, convidamos para vir jogar. Corto o cabelo num barbeiro lá.

Começamos a ter uma interação e uma empatia muito grande com a comunidade aqui. Conseguimos recursos para o financiamento de projetos. Uma criança que mora aqui pode ter uma qualidade de vida até melhor do que uma de Ipanema, onde o custo para os pais é muito grande. Eles têm inglês, balé, futebol, lutas. Fazem competições de esporte aqui e depois vão competir em outros lugares. As senhoras têm ginástica para a terceira idade com um cabo nosso. Elas vêm para a academia aos sábados fazer musculação.

O que muda no Bope na sua gestão? O senhor tem alguma forma particular de agir? Que marca quer deixar?

Uma marca muito pessoal minha é estar presente nos acontecimentos, na execução das atividades. Chego de manhã, já vou pra educação física, troco informação, é um momento até de lazer. Também dou respaldo. Quando o comandante está junto, parece que as coisas vão sair, vão melhorar, o pessoal fica empolgado. Costumo dar sempre exemplo para os meus amigos profissionais.

O Bope já tem um formato interessante, com uns planejamentos já feitos. eu sair amanhã, quem me substituir pode mudar uma coisa ou outra, mas os planejamentos seguem. Neste ano vamos dar sequência ao que foi projetado por nós no ano passado e vamos nos preparar o próximo ano – sempre com a minha marca de estar muito presente nas ações. Temos um compromisso, que é crescer cada vez mais. Já perdemos muitos colegas, muita gente lá atrás já sofreu. Temos que entregar um batalhão melhor do que recebemos.

Como foi a sua trajetória na Polícia Militar?

Cheguei na PM em 1989, fiz três anos de formação na Academia de Polícia e fui designado ao 2o Batalhão, de Botafogo, onde cumpri meu período de aspirante a primeiro tenente. Lá tive uma vivência interessante de formação em Polícia Comunitária. Tive oportunidade de implantar o policiamento comunitário da Urca e de Laranjeiras, que foram os primeiros e funcionam até hoje. Foi na época do coronel Nazareth Cerqueira como comandante-geral, que foi quem começou a trazer as informações sobre polícia comunitária, as experiências nos Estados Unidos, no Japão.

Por que ingressou no Bope?

Ao entrar na PM eu já alimentava um sonho de servir nesta unidade. Sou filho de policial civil, meu pai era ligado ao Grupo de Operações Especiais (atual Core), então já tinha essa referência familiar, convivia com o meio das operações especiais. Em 1995, fiz o curso de Operações Especiais e então vim servir no Bope. Desde então, fiz diversos cursos de especialização, no Brasil, no exterior, nas Forças Armadas.

Quem são os 'caveiras'?

São seres humanos, policiais vocacionados, são maridos, pais, filhos, pessoas. A partir do momento em que as pessoas se aproximam da gente, elas sentem isso. São pessoas que têm sentimentos. Só que a gente tem uma preparação técnica específica para determinadas ações que acabam traçando um perfil profissional que, aos olhos de um leigo, parece transformar a pessoa. Mas não, somos pessoas normais, temos sentimento, a gente chora, às vezes ficamos agoniados também. O sentimento de cumprimento do dever aqui nosso é muito forte. Isso é o grande diferencial no nosso lado profissional.

Fonte: http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-o-futuro-do-bope-pode-ser-voltar-a-origem
http://www2.forumseguranca.org.br/

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Réplica do Caveirão

Empresa cria réplica do
A Fabricante de Brinquedos ROMA, de Laranjal Paulista-SP (www.romajensen.com.br), criou uma réplica do Caveirão, apelido do Blindado utilizado pelo BOPE do Rio de Janeiro e demais forças de segurança daquele estado.
Presentão De Natal! Miniatura Do Caveirão Blindado Do Bope

A réplica, denominada de ROTB - Roma Tático Blindado, é confeccionada em plástico, vindo acompanhada de dois policiais, de preto, claro !!!

Já comprei o meu, que encontra-se na estante da minha sala.

Antes deste lançamento, um jovem autista de 25 anos, já fazia réplica do caveirão de forma artesanal, como pode ser conferido na reportagem do Jornal O Dia:

Adorado pela polícia, para quem é sinônimo de proteção, e odiado pelos bandidos, que o têm como um alvo a ser destruído, o "Caveirão" virou motivo de inspiração e conseqüente fonte de renda de um jovem autista. Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, W.L., 26 anos, faz réplicas do veículo blindado da PM há cerca de um ano. Nesse período, já vendeu mais de 50 exemplares só para homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope).


Réplicas em miniatura do Caveirão fazem sucesso entre policiais. Foto: João Laet/O Dia

Feitas com papel de jornal, verniz, cola, tinta, garrafas pet e madeira, as miniaturas do "Caveirão" chamam a atenção pela perfeição. As réplicas do blindado têm detalhes como retrovisores e protetores de vidros e pneus. Para conseguir um resultado tão fiel aos originais, o rapaz usa uma lâmpada de 100 watts bem próxima ao seu rosto. Isso porque, além da dificuldade de socialização - trazida pelo autismo -, ele tem a visão mais debilitada a cada ano, escuta pouco e não fala.

As réplicas são feitas com papel de jornal, verniz, cola, tinta, garrafas pet e madeira  Foto: João Laet/O Dia

A criação do jovem artista agradou tanto que, somente no Bope, há uma encomenda de 160 miniblindados. W. também recebeu outros 80 pedidos feitos por policiais de outros batalhões. Cada réplica custa R$ 25. O preço foi fixado pelo próprio rapaz, que administra seus lucros e dificilmente dá descontos aos clientes.

Um dos fãs de W. é o comandante do Bope, tenente-coronel Pinheiro Neto, que decidiu comprar os "Caveirinhas' para dar de brinde às autoridades que visitam o batalhão. "Fiquei impressionado com o trabalho dele. O governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, já ganharam os seus", contou o policial.

De acordo com o oficial, as miniaturas já chegaram até nos Estados Unidos, por meio da delegação da Escola Superior de Guerra americana, que recebeu o agrado no início do ano.

A idéia de fazer os "Caveirinhas" surgiu a partir das várias fotografias dos veículos que eram publicadas nos jornais. "O blindado passou a ser inspiração há um ano, quando W. começou a ver muitas fotos do carro no jornal", contou um amigo do jovem. Para completar, ano passado, o rapaz visitou o Bope, em Laranjeiras. Em sua ida ao quartel, W. aproveitou para tocar e observar atentamente todas as características do blindado.

Esculturas de tanques, pássaros e leques
O interesse de W. por esculturas de papel começou quando ainda era criança. "Ele assistia a programas educativos na TV e copiava. Depois foi desenvolvendo sozinho", afirmou pessoa próxima à família do jovem.

O rapaz não faz somente réplicas do Caveirão. Entre os vários trabalhos que produz estão tanques de guerra, pássaros, leques e caravelas. Segundo um amigo da família, algumas peças chegam a custar R$ 90.

As réplicas do blindado têm detalhes como retrovisores e protetores de vidros e pneus  Foto: João Laet/O Dia

Tanto talento acabou chamando a atenção de uma loja de Nova Iguaçu, interessada em vender os trabalhos do jovem. "Não aceitamos porque ele não tem condições de produzir em série. Ele trabalha quando quer, não faz nada por obrigação. Não posso e nem quero obrigá-lo a trabalhar", explicou o pai. W. só trabalha durante a madrugada, sobre uma mesa que fica em um cômodo que seria a ampliação da cozinha, mas cuja construção não foi concluída. Na casa, localizada no bairro Botafogo, ele mora com o pai, uma irmã e um sobrinho.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1709049-EI306,00.html



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Análise crítica do filme Tropa de Elite 2

Tropa de Elite 2: uma falha chamada Segurança Pública

tropadeelite2 3 Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

Existem inúmeras resenhas já publicadas sobre “Tropa de Elite 2: O Inimigo agora é outro “ cujo foco é tão somente uma análise deste filme a partir da sua própria linguagem, isto é, cinematográfica. Este não é o propósito deste artigo. Acredito que ainda mais do que o primeiro filme, a continuação deste blockbuster nacional tem como foco o debate político e por isso ele deve ser refletido juntamente com as ”polêmicas” que levanta.

Quando o autor de Elite da Tropa 2, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, publicou o seu livro (no qual o roteiro do novo filme se baseia) ele certamente alargou a discussão sobre as Milícias e sua atividade na cidade do Rio de Janeiro. O filme, que segue com bastante precisão as palavras de Luiz Eduardo, tem o seu início nos dias de hoje, o que apresenta um problema para o espectador de alguma memória. Afinal, as situações narradas na película em sua maioria, datam dos anos de 2007 e 2008. Nada que estrague este grande feito do diretor José Padilha, mas dado que não houve problemas de se estabelecer datas claras no primeiro filme, ficamos sem entender o porquê desta omissão das datas oficiais na continuação.

Na tentativa de organizar um pouco os acontecimentos do filme com o que foi noticiado pela imprensa na época (fique atento aos links deste artigo, todos eles são notícias de época sobre os acontecimentos debatidos), falaremos aqui dos principais pontos levantados por Tropa de Elite 2 e seus correspondentes “reais”, dando um foco para a discussão que estes acontecimentos podem gerar. Desta forma, é importante avisar que, por mais que este artigo não cite o desenrolar de tramas pessoais e de toda ficção que aparece nas telas, vários eventos descritos aqui serão cruciais a trama por ele apresentada, portanto para o leitor de pouca memória (já que tudo o que falarei aqui foi fruto de intenso debate político nos últimos anos) ou que deseja ser surpreendido é melhor esperar até que se assista ao filme para retomar este artigo.

beira mar Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

Beira Mar no dia seguinte da rebelião

Em Tropa de Elite 2, logo no início do filme somos levados para um evento que ocorreu no dia 11 de Setembro de 2002, isto é, a rebelião de Bangu 1, quando Fernandinho Beira-Mar e os membros de sua facção, o Comando Vermelho, fizeram 8 reféns e tomaram uma parte do presídio. O objetivo? A execução de , assim como de todos os líderes do Terceiro Comando, a facção rival. Na época, a governadora em poder, Benedita da Silva (relegada ao cargo depois que Anthony Garotinho resolveu tentar ser presidente) teria pedido a invasão do presídio, mas felizmente a polícia conseguiu negociar e evitar um novo Carandiru.

No filme, as coisas acontecem de forma um pouco diferente e que não vem exatamente ao caso aqui. O que importa dizer é que o fracasso da segurança pública carioca já havia sido percebido algumas dezenas de anos antes da rebelião de Bangu 1, que se tornou particularmente mais sucateada durante a terrível administração da família Garotinho, o que não impediu que sua esposa, Rosinha fosse eleita governadora poucos meses depois mesmo sem possuir qualquer tipo de experiência política.

Aqui faço um parêntese: Anthony Garotinho tinha um plano de segurança que parecia coerente quando ele assumiu o Governo do Estado, mas durante oito anos de seu mandato sem nenhuma queda evidente de índices de criminalidade é bastante claro que seu plano pode ser considerado um fracasso.

Voltando a questão baseada no filme, o que efetivamente a rebelião de Fernandinho Beira-Mar mudou no cenário da segurança pública do Rio?

Aparentemente não muito, por mais que a rebelião de Beira Mar, e a percepção nacional de que o tráfico era regularmente controlado a partir das prisões tivesse atingido a grande mídia, este fato não pareceu impactar muito a opinião pública. A bolha estourou sob o Governo provisório de Benedita da Silva, ainda que esta não possa ser inteiramente responsabilizada por ela, já que ficou menos de nove meses no cargo e o problema estourou bem no meio deste período. Importante dizer, Benedita não pareceu competente para lidar com o problema. Se os relatos sobre o dia são verdadeiros, ela teria se desesperado e ligado para o seu padrinho José Dirceu, presidente do Partido dos Trabalhadores, procurando instruções sobre o que fazer.

Benedita nega que tenha mandado o BOPE e as demais forças policiais invadirem o presídio, ainda que isto tenha sido reportado por algumas testemunhas. A verdade nesta questão se encontra para sempre perdida, já que nenhum dos lados tem provas contundentes sobre que ação a governadora teria tomado. O importante é que a negociação foi realizada e o massacre de presos foi evitado. Para mérito da Benedita, ela foi responsável por colocar o competente Zaqueu Texeira como Chefe da Polícia Civil, alguém que mais tarde, junto com Tarso Genro, Ministro de Lula, desenvolveria um eficiente projeto de segurança pública, o PRONASCI, de onde saiu a ordem para realizar as primeiras UPPs, que são apenas uma parte pequena deste programa, que em teoria deveria unir segurança com cidadania.

É importante mencionar, Rodrigo Pimentel, co-autor do primeiro livro e tido por muitos como a principal inspiração do Capitão Nascimento (interpretado magistralmente por Wagner Moura) já havia deixado o BOPE nesse período, ou seja, ele não tem nenhuma ligação direta com a rebelião de Bangu 1.

No mês seguinte, o principal responsável pelo sucateamento do estado fluminense durante este período, o radialista Garotinho, falhava em alcançar a presidência (amargando um distante terceiro lugar, depois de Lula ser eleito com a maior quantidade de votos em uma eleição brasileira) mas se provou capaz de manter o poder sobre o estado, através da candidatura de sua esposa, Rosinha Garotinho.

alvarolins Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

O ex-chefe da Polícia Civil e deputado, Álvaro Lins.

O ex-governador seria nomeado como secretário de segurança do Rio de Janeiro, uma piada de mau gosto para o estado, já que seu governo não obteve nenhum destaque na segurança pública. Não demorou muito para Garotinho levar a chefia da polícia civil o bandido Álvaro Lins, no filme representado de forma bastante livre pela figura do secretário de segurança e depois deputado Guaracy (que não é o chefe da polícia civil em Tropa de Elite 2), cuja a eleição foi financiada por criminosos (vale dizer existem paralelos sobre este problema no longa) e marcada pelo abuso de poder. Rocha, o PM corrupto que lidera as milícias também tem muitas características comuns com Álvaro Lins. No ano de 2008, já eleito como deputado estadual, a polícia federal foi capaz de prender Álvaro Lins em flagrante, que teve seu mandato caçado pela ALERJ. Um dos resultados desta investigação teria apontado Antony Garotinho como facilitador das operações da quadrilha, o que seria o início de sua decadência política no Rio. Do ano 2008 para cá, dezenas de processos criminais diferentes acabaram por atingir Garotinho e sua esposa Rosinha, entre eles coisas como: corrupção, formação de quadrilha, abuso de poder econômico, uso indevido de meios de comunicação e etc, processos estes que renderam os dois como inelegíveis em 2010. Mesmo sem poder concorrer ao Governo do Estado, Garotinho se elegeu candidato a deputado pelo PR e foi o segundo candidato mais votado no Brasil, perdendo apenas para o Tiririca, também do PR.

O filme obviamente não é tão direto em suas acusações, mas é fácil perceber as relações entre os personagens fictícios e suas contra-partes que os inspiraram. Terminada esta saga e breve passagem que foi Bangu 1, temos o assunto principal do longa metragem: as milícias.

Para aqueles que desconhecem, as milícias são grupos paramilitares, geralmente organizadas por policiais ativos e inativos, bombeiros, agentes penitenciários e até traficantes de drogas. Elas costumam cobrar uma mensalidade dos moradores das comunidades onde atuam para fornecer uma suposta segurança além de uma série de outros serviços. As milícias são verdadeiras máfias e são mais organizadas que o tráfico de varejo, que não tem capacidade de articulação. A milícia se infiltra na política e no poder público e os usa para seu próprio benefício, a revelia daqueles que moram nas áreas de sua atuação.

O novo filme do Capitão Nascimento mostra as milícias e a política de segurança pública como os principais adversários a um Rio de Janeiro mais seguro. Ele mostra também a luta de duas pessoas de pontos de vista quase opostos contra este mesmo problema. Uma destas pessoas é bem real, no caso, o deputado Fraga (Irandhir Santos) no filme, ou Marcelo Freitas no livro, claramente inspirado em Marcelo Freixo, deputado estadual do PSOL (re-eleito em 2010) que foi o responsável por trazer à luz os problemas das milícias, e por liderar a CPI das Milícias onde cerca de 226 políticos foram acusados de manter relações com estas organizações.

Em 2006, este fenômeno potencialmente desestabilizador cresceu assustadoramente no Rio de Janeiro. As milícias existem na cidade desde os anos 70, controlando algumas das favelas. Porém, num período de seis meses, esses grupos começaram a competir pelas áreas controladas pelas facções do tráfico. Em dezembro de 2006, segundo relatos, as milícias controlavam 92 das mais de 500 favelas da cidade.

mapa milicias Rio Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

Mapa das Milícias no Rio de janeiro

Os primeiros relatórios sobre essa expansão recente e repentina descreviam as milícias como uma forma de segurança alternativa, que oferecia às comunidades a oportunidade de se livrar da dominação das facções do tráfico, garantindo sua segurança. No início, algumas pessoas das comunidades, comentaristas dos meios de comunicação, políticos e até o prefeito da cidade, Cesar Maia do DEM, deram seu apoio aos grupos de milícias. Mas não tardou para que emergissem histórias nas comunidades que contradiziam essa imagem. As milícias tomavam conta dos lugares com violência e depois sustentavam sua presença através da exigência de pagamentos semanais dos moradores para manter a segurança. Eles relataram que as milícias, como as facções do tráfico, impunham toques de recolher e regras rígidas nas comunidades, sob pena de castigos violentos em caso de descumprimento. As milícias controlavam o fornecimento de muitos serviços aos moradores, incluindo a venda de gás, eletricidade e outros sistemas de transporte privado.

nadinho Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

Nadinho irritado durante a CPI.

Vale mencionar, até mesmo os menores acontecimentos do filme possuem uma base real, como o assalto realizado em uma delegacia de Seropédica pelos milicianos. Onde estes adquiriram armas para sustentar o poder paralelo.

O despertar lento que a política pública teve para o fenômeno das milícias até hoje parece resultar em um grande atraso para que estes grupos sejam devidamente detidos. Por mais que o crime organizado esteja sendo expurgado de diversas favelas da zona sul do Rio, as milícias continuam controlando a zona oeste sem maiores problemas.

Talvez o único avanço nesta questão tenha sido mesmo realizado por Freixo (PSOL) e seus aliados, como o relator da CPI Gilberto Palmares (PT), ao conseguir reunir provas suficientes para caçar os mandatos e impugnar os políticos envolvidos com a Milícia.

O mais notório nesta CPI foi perceber que um dos primeiros nomes a transparecer no documento foi o de Álvaro Lins, o mesmo que foi transformado em Chefe da Polícia Civil pelo Garotinho e que a partir de seu poder coercitivo, foi eleito deputado pelo PMDB (na época o partido de Garotinho). Na verdade, o governo de Rosinha Garotinho transpareceu ter uma base forte e sólida de apoiadores das Milícias, ainda que não existam evidências concretas que ligariam a governadora a estes grupos de forma tão direta quanto aquela retratada no filme. De toda forma, é importante ressaltar que havia sim uma cúpula importante envolta do governo do estado que era patrocinado por ações milicianas. Além do Chefe de Polícia de Garotinho, outros envolvidos notórios eram: o deputado Natalino Guimarães (DEM); o irmão dele, o vereador Jerônimo Guimarães (DEM) e o deputado Nadinho da Favela Rio das Pedras (DEM). Também foram citados na denúncia os vereadores eleitos em 2008 Carminha Guimarães (PT do B) e Cristiano Girão (PPS), da favela Gardênia Azul. Uma parcela considerável dos políticos denunciados já está presa. Vale mencionar também que Fortunato (interepretado por André Mattos) é um personagem que parece fazer alusão a duas figuras distintas: primeiramente ao deputado Nadinho, e em segunda instância ao Wagner Montes (que não tem uma relação confirmada com os milicianos).

E o Rio de Janeiro hoje, passados dois anos dos eventos retratados ao final do filme?

Poucas coisas são mais comentadas do que as UPPs, que de fato tem funcionado bem e até mesmo passaram a ser vistas como um modelo para o plano nacional de segurança pública. Acredito que existam alguns problemas com este modelo adotado no Rio, como a legitimização de comunidades que se encontram em áreas de risco ou de proteção ambiental, de toda maneira, o debate sobre a validade das UPPs e mesmo se elas são passíveis de serem aplicadas em outras regiões do país não cabem neste pequeno artigo.

CPI das Milícias Anistia Internacional Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

A CPI das Milícias é entregue a Anistia Internacional

O péssimo sistema carcerário continua funcionando, e nas palavras do Deputado Fraga: “O Estado gasta uma miséria com escola. Para manter uma criança no colégio, depende oito vezes menos que para manter um preso. O sistema carcerário, além de caro, é inoperante. Pior: opera em sentido contrário. Quem rouba um celular sai dele formado em crimes piores. E a população carcerária não para de crescer – dobra a cada oito anos, enquanto a população brasileira dobra a cada meio século.” Acredito que este pequeno trecho pronunciado pelo personagem do filme é um bom resumo de nossa ainda atual situação neste quesito.

Já as milícias se parecem quase imunes ao plano de pacificação do estado, tendo em vista que estas continuam intocáveis na zona oeste da cidade. Vale dizer, os responsáveis pela CPI das milícias até hoje são impossibilitados de fazer campanha nesta região do Rio e continuam a ser alvo de ameaças deste grupo.

Tropa de Elite 2 é verdadeiramente uma evolução clara do primeiro filme, tanto em termos cinematográficos quanto em termos de discussão política. Se o primeiro foi acusado de ser uma visão da direita (segundo o diretor, o filme foi mal compreendido), é possível que este seja cunhado como uma visão mais afinada para a esquerda, até mesmo por ter um candidato do PSOL como um dos personagens principais do filme.

Não acredito que um Tropa de Elite 3 seja produzido, pelo menos não parece haver uma necessidade direta com o término deste segundo filme, no entanto, se mais uma seqüência vier, podemos ter certeza que será ainda melhor se mantiver a mesma forma.

Fonte:http://www.ambrosia.com.br/2010/10/14/tropa-de-elite-2-uma-falha-chamada-seguranca-publica/

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Policial do BOPE no UFC


Credenciais de peso não faltam nas duas siglas que regem a vida de Paulo Thiago. Além de lutador do UFC, o brasiliense também é agente do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da polícia no Distrito Federal. Neste sábado (23), o profissional da equipe que ganhou notoriedade com os filmes da série Tropa de Elite volta a encarnar o lado lutador, e sobe ao octógono para encarar o norte-americano Diego Sanchez em disputa válida pelos meio-médios (até 77kg).

A rotina ‘pedreira’ de Paulo, obviamente, requer disciplina em dobro. E a ajuda-extra para organizar todo contexto vem do reconhecimento conquistado com os oficiais da corporação. “Represento o Bope no exterior. Isso é considerado ato nobre pelos comandantes, que sempre dão jeito de ajustar minhas escalas. Assim, consigo treinar corretamente e depois retorno para as obrigações no quartel. Sou a prova viva de que nossa organização se condiciona a todos os tipos de situações extremas”, brinca o atleta, neste bate-papo exclusivo para o Yahoo!

A especialidade no jiu-jitsu se traduz com clareza no cartel. Das treze vitórias na carreira, oito foram por finalização (e apenas duas derrotas). Conforme as datas dos combates se aproximam, comumente opta por viajar ao Rio de Janeiro, onde lapida as habilidades com a equipe da X-Gym/Blackhouse (mesma de nomes como Anderson Silva e Rodrigo ‘Minotauro’ Nogueira).

Para o desafio da vez, porém, o itinerário foi diferente. “Fiz a maior parte da preparação em Brasília, e também fiquei uma semana em San Diego, para aperfeiçoar o wrestling”, ele diz. “O jogo do Sanchez é todo baseado no preparo físico e na explosão. Lutadores assim são bem complicados. Mas a tática será básica e dentro das minhas características mais fortes”, minimiza.

Se aparentemente a palavra ‘pressão’ ganha novos significados diários na vida dupla do agente/lutador, o Caveira (apelido pelo qual os oficiais do Bope são conhecidos) é enfático quando avalia a relação entre os dois assuntos. “Não tem como saber qual é mais dureza, são exigências teóricas e práticas relativamente diferentes. Mas acho que se complementam em muitos aspectos, mesmo que indiretos. O que ambos precisam é de disciplina e perseverança em níveis quase sobre-humanos para serem eficientes. Não é para qualquer um”, ponderou.

A auto-crítica aparece na análise da última atuação no octógono, quando foi derrotado por pontos para o dinamarquês Martin Kampman, no UFC 115, em junho deste ano. “Ele matou meu jogo na iniciativa. Meu erro estratégico principal foi esperar demais. Atuar em contragolpes não faz parte do meu estilo. Isso me desmontou. Também cansei demais do segundo para o terceiro assalto. Tudo isso foi corrigido, agora é só esperar para colocar as novidades em prática”, afirmou.

Próxima etapa - A edição 121 do UFC aporta sábado (23), em Anaheim (California –EUA), com a esperada disputa pelo título dos pesos pesados.O gigante Brock Lesnar coloca o cinturão em jogo contra o estilo preciso e calculista de Cain Velasquez. Quem vencer, terá pela frente o desafiante Junior ‘Cigano’ dos Santos como próximo oponente, no ano que vem. Além de Paulo Thiago, o peso pesado Gabriel ‘Napão’ Gonzaga também está no card, e enfrenta o norte-americano Brendan Schaub.

O Canal Combate, da Sportv, transmite as lutas a partir da meia-noite. A cobertura completa você acompanha aqui no Yahoo!

Glossário

MMA – Mixed martial arts (ou artes marciais mistas), modalidade desenvolvida com base no antigo Vale-Tudo

UFC – Ultimate Fighting Championship, maior evento de MMA do mundo

Jiu-jitsu – arte marcial indiana/japonesa que também se desenvolveu no Brasil, com a família Gracie. É travada no chão, e os oponentes tentam finalizar por chaves e estrangulamentos

Wrestling – termo genérico em inglês para a luta olímpica.

Fonte: http://br.esportes.yahoo.com/colunas/bope-e-ufc-no-comando-da-rotina-de-paulo-thiago-esportes-822.html

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Novos Caveirões do Rio

Polícia do Rio se prepara para nova geração de Caveirões
Modelo atual é considerado ‘elefante branco’, grande e pesado. Unidade testa modelos estrangeiros e do Brasil, mas mudança só ocorre em 2011

O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) vai substituir o “Caveirão” por novos “Caveirinhas”, menores e mais ágeis, para operar em ambientes de favelas do Rio. Na opinião do comandante do batalhão, tenente-coronel Paulo Henrique, e dos policiais da unidade de elite da PM do Rio, o atual blindado principal não é adequado para a realidade do Rio.

Montado sobre a esteira de um ônibus e com capacidade para transportar 15 policiais, o Caveirão mais novo da unidade é considerado lento, grande e pesado demais, difícil de manobrar nas vielas de favelas. “Esse blindado é o maior elefante branco que deram para a gente”, afirmou ao iG um policial da tropa.

“O ideal é termos um blindado com menor dimensão, compacto, mais robusto e veloz”, disse o comandante do Bope.

A unidade tem diferentes “Caveirões”, mas o melhor de todos ainda é o 01, ou seja, o original e mais antigo, de 2001, segundo os próprios usuários. Todos têm proteção para disparos de fuzis 7,62mm.

É por esse motivo que chegou esta semana ao Rio, para testes, o blindado russo Tigre, da Rosboron Export. É um dos concorrentes a substituir os atuais carros de que dispõe o Bope para incursões em áreas de risco. A tropa de elite da PM estuda a aquisição de um moderno modelo de blindado,menor, mais ágil e operacional, para oito homens e o motorista.

Além do modelo russo, a Polícia Militar e o Bope estão testando outros veículos blindados, como o sul-africano Gila, os britânicos da BAE, RG 31M e RG32M e o israelense Sand Cat . Há ainda um modelo em desenvolvimento no Centro Tecnológico do Exército, em cooperação com a Autolife, em São Paulo. “Queremos o melhor produto, não me interessa a origem”, disse Paulo Henrique, ao iG.

Em todos os casos, é necessário fazer adaptações, devido às diferentes realidades. O custo por unidade oscila entre R$ 1 milhão e R$ 1,2 milhão, em média – mas o preço tende a cair dependendo da quantidade encomendada.

“Andei no veículo russo. Mas lá eles trabalham em temperatura máxima de 22º. Aqui atuamos a 40º. O carro resiste? Em Gaza, o Exército de Israel usa um carro sem blindagem no motor, e o terreno é plano. Funciona aqui, nos morros? Os ambientes operacionais são bem diferentes, e as configurações se alteram. Pedi para trazerem os carros para testarmos no Rio e sugerirmos adaptações. O russo, o Tigre, deveria vir em abril [e chegou agora]. O motor também não é blindado. O sul-africano tem proteção antiminas, problema deles lá, mas desnecessário aqui”, explica Paulo Henrique.

Até a posição das portas e a quantidade e tamanho dos vidros são fundamentais. “Tudo isso importa. Os vidros não podem ser grandes, senão o custo de reposição de material é muito alto e cai o nível de proteção do PM”, explicou o comandante do Bope.

Além do veículo em si, uma preocupação da PM é ter kits de reposição de material e manutenção, para fazer reparos e consertos durante operações, se necessário. “Já trocamos radiador e correia no meio de um tiroteio”, conta o subcomandante do Bope, tenente-coronel Renê Alonso.

Durante operações, uma equipe de manutenção da unidade acompanha os policiais combatentes. A empresa que vender os veículos também vai treinar mecânicos.


O mundo ideal do comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique, seria ter oito blindados de diferentes modelos, adaptados a distintas situações.

“O blindado é muito grande. É ruim para manobrar em uma favela, com os aclives e suas vias estreitas. Precisamos de carros mais compactos e ágeis, dependendo da missão. O ideal é termos carros de todos os tipos, dois de cada, de acordo com a missão (dois grandes e quatro pequenos).”

Apesar de o Bope ter pressa, a escolha do carro blindado não vai acontecer até o fim deste ano, por conta dos testes, do tempo de escolha e da necessidade de licitação.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/policia+do+rio+se+prepara+para+nova+geracao+de+caveiroes/n1237769013864.html

sábado, 31 de julho de 2010

Origem do "Caveirão"


O carro blindado utilizado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro nas incursões em áreas de risco da cidade, conhecido como "caveirão", nos remete ao Sturmpanzerwagen, veículo empregado pelo exército alemão na 1ª Guerra Mundial.


O Sturmpanzerwagen Oberschlesien, foi um tanque leve de assalto projetado durante a Primeira Guerra Mundial pelo Império Alemão. Ele possuía um design bem radical para possibilitar uma rápida movimentação em combate.


Curiosidades:
- Foi desenvolvido as pressas no ano de 1916
- 100 unidaddes foram encomendadas em dezembro de 1917, mas apenas 20 caveirões foram produzidos na guerra.
- Após a guerra, os caveirões que sobraram foram para o exército francês, e do francês foi para o polonês.
- Tinha um canhão de 57MM e 6 metralhadoras




Fonte: http://www.batalhapelomundo.com.br/modules.php?name=Forums&file=viewtopic&t=5818&start=0&postdays=0&postorder=asc&highlight=

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Curso do BOPE: "Faca na Caveira"


Temido, respeitado, desejado, invejado. Muito se fala sobre o curso formador de ‘caveiras’ do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Mas até hoje somente os 300 homens que venceram o árduo desafio sabem o que significa ostentar no uniforme preto a insígnia da ‘faca na caveira’. No campo de treino, o cemitério simbólico eterniza o fim da jornada para centenas de inscritos desde 1978 que não conseguiram cumprir a missão. Pela primeira vez nos 32 anos da unidade, uma equipe de reportagem entrou no Curso de Operações Especiais, o COEsp, considerado o melhor do Brasil.

A 80 km do Rio, às margens da Represa de Ribeirão das Lajes, em Paracambi, 17 homens com rostos pintados e carregando 25 quilos de equipamentos nas costas se preparam para mais um dia de atividades. A visita da equipe aconteceu no meio da chamada ‘Semana do Inferno’, a fase inicial e mais dura do COEsp. Durante 15 dias, os candidatos a ingressar no Bope serão testados até seus limites físicos e psicológicos, para atingir o máximo de aproveitamento. Isso explica o reduzido número de ‘sobreviventes’: dos 65 aprovados no rigoroso processo seletivo, que começou há apenas duas semanas, somente 17 ainda prosseguiam.

“O que faz a notoriedade não é a dificuldade do curso, mas o resultado. Treinamento duro para combate fácil é um dos lemas”, resume o capitão Marcelo Corbage, coordenador da atividade. No total, 194 policiais do Rio e de mais sete estados se inscreveram para a 18ª edição do curso, mas a maioria foi eliminada ainda na fase de exames médicos e psicológicos. O índice de aproveitamento é de, no máximo, 20% dos inscritos.

Para os ‘aspiras’ do COEsp, o inferno é frio e úmido. O vento gelado que corta o vale faz os músculos tremerem debaixo da roupa permanentemente encharcada. A cada vacilo, os alunos têm que mergulhar na água gelada da represa. “Tá rindo da música que ele cantou?! Pra água!”, ordena um instrutor, que, benevolente, depois deixou o recruta ‘dar uma quarada’.

No acampamento, sono, fadiga e tensão são sensações impostas pelas atividades, vencidas à custa de muita determinação. “A fase inicial é a quebra da resistência. Reproduzimos situações extremas que eles vão passar no futuro, para aprenderem a agir mesmo quando o nível de estresse estiver alto”, explica o capitão Leandro Maia, chefe de Planejamento e Instrução.

Rigor em todas as atividades

Após a escolha do líder daquele dia, a tarefa do grupo de 17 recrutas era descer uma ribanceira, guardar o equipamento e sentar sob a tenda que serve de sala de aula. Tudo em dois minutos, com os instrutores fazendo a contagem regressiva. No último segundo, a turma se reuniu, mas a missão não foi cumprida: os ‘aspiras’ sentaram fora da ordem numérica.
A dureza do treinamento não é à toa. Formar-se ‘caveira’ significa atingir o mais completo nível na área de segurança pública. No currículo, constam aulas de gerenciamento de situações de risco, mergulho, rapel, negociação de reféns, montanhismo, sobrevivência, técnicas especiais de tiro, explosivos, combate corpo a corpo e em áreas de alto risco, entre outras modalidades.

Cada curso é preparado com dois anos de antecedência. A estrutura conta com 80 PMs se revezando nas instruções.

Durante a visita, os alunos não puderam falar ou sequer olhar para a equipe de O DIA. No único momento em que foi autorizado a falar, o recruta 07 resumiu o sentimento de todos ali: “Espero que, um dia, vocês tenham orgulho de nós”.

Cerimônia do adeus dos ‘aspiras’

As três badaladas fúnebres no sino representam a ‘morte’ do aluno. É o fim da linha no Curso de Operações Especiais para quem não aguentara o rigoroso treinamento ou não se sai bem nas avaliações. O ritual de quem deixa o acampamento é cercado de simbolismo, como um funeral de verdade. Em um pequeno cemitério, o ex-recruta deposita a lápide com o número de guerra. À frente dos túmulos, uma placa dispensa explicações: “Aqui jazem os fracos”.

Os ‘caveiras’ gostam de espalhar a lenda de que as ‘almas’ de quem partiu ficam vagando pelo vale de Ribeirão das Lajes, até que o policial passe no curso e a resgate. “O aluno passa por um ritual de desligamento não para ser humilhado, mas para carregar dentro dele a vontade de querer voltar e fazer o seu melhor”, explicou o capitão Marcelo Corbage. Ele preferiu não tocar o sino durante a reportagem: “A energia é muito forte”.

As sensações são ainda mais intensas para quem volta para casa sem a missão cumprida. Os ex-alunos passam por entrevista e acompanhamento psicológico oferecido pelo Bope, para diminuir a frustração. Para ingressar na tropa de elite, o policial passa pelo Curso de Ações Táticas (CAT) ou pelo COEsp, o único que garante o status de ‘caveira’.

Mudança de filosofia

“A essência e o ideal do Bope estão sintetizados no curso. Carregar aquele distintivo não tem preço. A devoção é grande porque a gente acredita em um trabalho sério. Para chegar ao fim, o aluno não precisa de músculos, mas tem que vencer a batalha com a sua mente, suportar a pressão. Quando não conseguem, se sentem derrotados e até choram”, conta o comandante da unidade de elite, tenente-coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes.

Há 20 anos, o oficial conquistou a tão sonhada insígnia. De lá para cá, ele conta, muita coisa mudou no COEsp. “Tinha muitos reflexos da filosofia do Exército, de uma época linha-dura. Mudamos o planejamento, aumentamos o nível de conhecimento dos instrutores. Fomos buscar intercâmbio com outras forças para oferecer o que há de melhor. Temos que estar sempre um passo à frente para que o serviço prestado à população tenha qualidade máxima”, disse o oficial, que, na aula inaugural do 18º COEsp, comemorou as duas décadas de sua formação com almoço reunindo ‘caveiras’ desde a primeira geração.

Antes do treinamento, recrutas passam por uma série de palestras para se ambientar ao que está por vir. Eles recebem informações sobre os exercícios e até como organizar as contas e a rotina da família durante os seis meses de ausência. “O sofrimento nos une. A gente não demonstra, mas torce muito por eles. Cada aluno que vence é uma vitória pessoal para nós”, emociona-se Paulo Henrique.


Fonte: http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2010/6/curso_de_caveira_do_bope_onde_os_fracos_nao_tem_vez_91696.html .

sábado, 8 de novembro de 2008

Caso Eloá - O Fracasso dos Políticos

No fim, são os políticos os principais responsáveis pela repetição de tragédias como a do ônibus 174 e do seqüestro em Santo André

O FRACASSO DA POLÍCIA É DOS POLÍTICOS
A menina Eloá Cristina na janela esperando uma chance de viver

José Padilha e Rodrigo Pimentel
Fonte: Folha de São Paulo

Não são apenas as ocorrências mal administradas, cheias de erros primários e ilegalidades que demonstram a necessidade de uma reforma da segurança pública no Brasil. Os dados indicam essa necessidade faz tempo. E os nossos políticos, apesar de conhecerem os dados, têm se mostrado incapazes de realizar tal reforma. São eles, no final das contas, os principais responsáveis pela repetição cotidiana de tragédias como a ocorrida no evento do ônibus 174 e do seqüestro em Santo André.

Em conversa informal com agentes do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), descobrimos que eles estão desolados com o desfecho da ocorrência, que custou a vida de uma pessoa e feriu outra, e revoltados com os políticos, devido ao descaso que têm com a unidade, exposta ao ridículo com o fracasso da operação.

Afinal, se o GATE dispusesse do equipamento necessário para administrar uma ocorrência desse tipo, como uma microcâmera de fibra ótica, saberia que o seqüestrador tinha encostado um armário de TV e uma estante na porta de entrada do apartamento. Saberia que seqüestrador e reféns não estavam na sala, mas no quarto.

Saberia que uma invasão pela porta da frente daria tempo para o seqüestrador atirar nas reféns. Mas o GATE não sabia de nada disso e perdeu preciosos segundos abrindo a porta. Se o GATE dispusesse de escada com alcance para que um policial pudesse entrar no apartamento pela janela, poderia ter evitado a tragédia. Mas a escada do GATE, como atestam as filmagens, era curta demais.

Se os policiais do GATE fossem bem treinados, não teriam deixado que uma menina de 15 anos, libertada pelo seqüestrador, voltasse a ser prisioneira. Não teriam demonstrado tamanha incompetência e desconhecimento legal. Mas os policiais do GATE, como os do BOPE e do resto do país, não recebem treinamento adequado.

Quando trabalhamos no documentário "Ônibus 174", sentimos a mesma revolta por parte dos policiais do BOPE, que, em sua maioria, odeiam os políticos a quem servem. André Batista, colaborador em "Tropa de Elite" e negociador do BOPE na malfadada ocorrência, deu o seguinte depoimento para o documentário:

"Naquele momento, a gente viu que faltava muita coisa. As coisas que a gente vivia pedindo, os equipamentos, os cursos, parece que, naquele momento, tudo desabou." Ouvimos, virtualmente, a mesma coisa do GATE.

Chegamos, assim, a uma conclusão absurda. Concluímos, parafraseando Nietzsche, que é preciso defender os nossos policiais dos nossos políticos! Afinal, quem são os nossos policiais? E o que o Estado, administrado pelos políticos eleitos, fornece a eles?

Tomemos como exemplo um policial carioca. É um sujeito mal remunerado, mal treinado, que trabalha em uma corporação corrompida por dentro. Isso é o que o Estado lhe dá. E o que pede em troca? Que mantenha a lei. Em outras palavras, que entre em conflito com os membros corrompidos da sua corporação e com os bandidos fortemente armados da cidade.

Ora, não é à toa que o capitão Nascimento, refletindo um sentimento comum entre os policiais do BOPE, tenha dito que "quem quer ser policial no Rio de Janeiro têm que escolher. Ou se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra." Em São Paulo, não parece ser muito diferente. Não esqueçamos, pois, o ano de 2003, quando o então secretário nacional de Segurança Pública, o sociólogo Luiz Eduardo Soares, estava prestes a conseguir a reforma que nossos policiais sérios tanto pedem.

Ele tinha participado da elaboração de um plano de segurança pública que previa um piso nacional decente para o salário dos policiais, a integração da formação e das plataformas de informação das polícias estaduais, o repasse de recursos federais para os Estados condicionado à reforma de gestão e ao controle externo e a desconstitucionalização da segurança pública, dando autonomia para que os Estados reformassem as polícias de acordo com as realidades locais.

Apresentou o plano ao governo federal com a assinatura de todos os governadores. E o que fez o governo? Desistiu. Nem sequer apresentou o plano ao Congresso. Não o reformulou, optou pela passividade. Segundo nos disse o sociólogo, por considerar que a reforma demoraria a dar resultado e que a opinião pública poderia responsabilizar o governo federal, e não os Estados, se eventuais tragédias ocorressem durante a implantação.

Evidentemente, não estamos culpando os atuais governos federal e estadual pelo desfecho do seqüestro em Santo André. Afinal, governos anteriores poderiam ter tentado reformar a segurança. O governo FHC, por exemplo, prometeu um plano nacional depois do ônibus 174.

Estamos culpando os verdadeiros responsáveis: os nossos políticos como um todo, que há muito tempo sabem que precisam reformar a segurança pública para salvar a vida de milhares de brasileiros e que há muito tempo fracassam ao não levar essa tarefa a cabo.

Um fracasso ainda mais vergonhoso do que o dos policiais do BOPE e do GATE.

JOSÉ PADILHA, cineasta, é diretor dos filmes "Ônibus 174", "Tropa de Elite" e "Garapa"

RODRIGO PIMENTEL, sociólogo, é ex-capitão do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) do Rio de Janeiro, um dos roteiristas de "Tropa de Elite" e co-produtor de "Ônibus 174".


sábado, 10 de maio de 2008

Rota Comando - O Filme


Para quem não conhece, a Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar - a Rota é a Tropa de Elite da Polícia Militar de São Paulo. Guardada as devidas proporções, seria o BOPE paulista.

Por enquanto o longa ainda está no começo da fase das filmagens, mas o marketing está a todo vapor. Já tem site oficial e um blog fazendo o serviço. As promessas são de um filme sobre polícia e violência com todos os ingredientes obrigatórios: perseguição, troca de tiros, morte, prisão, muita ação e polêmica.

A direção e o Roteiro são do estreante Elias Júnior. E a história é baseada no livro Matar ou Morrer, do ex-capitão da Rota e agora deputado estadual de SP, Conte Lopes.

Sinopse

O filme vai falar das principais ocorrências da Rota, contando a trajetória de três criminosos que atuavam na cidade de São Paulo.

O primeiro caso é de como um dos criminoso morreu em confronto com a ROTA. Em uma perseguição a um carro suspeito, os elementos atiraram contra os policiais e nesse confronto acontece sua morte.

Na seqüência há a trajetória de um bandido que veio do Rio de Janeiro para comandar o crime de São Paulo, matando e estuprando. E claro, se deu mal na mão dos boinas negras.

Por último, a história de um traficante que passa a fazer seqüestros por ter seu tráfico neutralizado pela “operação saturação”, da ROTA.

O livro Matar ou Morrer

A trama é baseada no livro Matar ou Morrer, do ex-capitão da Rota e agora deputado estadual de SP, Conte Lopes. Conte é uma espécie de Capitão Nascimento, ou um Chuck Norris da Polícia Militar de São Paulo, uma lenda.

Lançado em 1994, este livro seria resposta a um outro livro, o Rota 66 do Caco Barcellos (lançado em 1992). O Rota 66 traz em um capítulo chamado “Deputado Matador”, numa clara referência à Conte Lopes.

Elenco

O ator que irá encarnar o Cap Conte foi policial por 9 anos e chama-se Mauricio Bonatti. Segundo o jornal A Tarde, o longa conta com 150 atores, sendo 70 principais e 80 figurantes. Nenhum deles é conhecido do grande público e vieram do teatro.

Rota Comando x Tropa de Elite

Como já era de se imaginar, as comparações são inevitáveis. Ambos tiveram um livro que os antecede. O livro Elite da Tropa antecedeu o filme Tropa de Elite e o livro Matar ou Morrer, do Conte Lopes, antecede este filme da Rota. Ambos tem o seu Capitão Chuck Norris: Capitão Nascimento em um e Capitão Conte no outro. Ambos contam a história na visão dos policiais, e por aí vai.

No entanto, se o Tropa de Elite foi orçado em aproximadamente 10 milhões, o Rota Comando é uma produção independente orçado em “apenas” R$ 500 mil. Por enquanto a produção do filme ainda corre atrás de parceria e patrocínio. Salas de cinema, urso de ouro, oscar? Não, o Rota Comando é bem mais modesto. O alvo por enquanto são as locadoras e as lojas especializadas.

Fonte: www.diariodeumpm.net

quarta-feira, 19 de março de 2008

Rap das Armas "Traduzido"

Grande sucesso, após o filme "Tropa de Elite", a música "Rap das Armas", muitas vezes soa incompreensível....

Este vídeo busca traduzir do "malandrês" para o português, a letra da música !!!


domingo, 16 de março de 2008

Curso "Progressão em Favelas"


Sobre o curso

Ministrado por instrutores do quadro do Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro (BOPE/RJ), o treinamento é direcionado ao policial que opera em favelas e/ou em outro cenário de alto risco institucional, pessoal e social. Para garantir realidade ao curso, as atividades são desenvolvidas em “favelas cenográficas” que trazem elementos que remetem aos conjuntos habitacionais em questão. Atualmente, o Cati é a única empresa particular que mantém este tipo de parceria com o BOPE/RJ.

O treinamento tem como objetivos: aumentar o nível de eficácia das ações; racionalizar a aplicação de recursos humanos e materiais; promover condições operacionais de pronta resposta com firmeza e competência; reduzir os riscos institucionais (pessoal e social) e aplicar o uso seletivo da força.

Duração

3 dias

Programação

§ A Equipe de Intervenção, sua formação tática, missões, conduta de progressão e ação no objetivo;

§ Conhecer as técnicas de progressão em situações táticas, transposição de obstáculos e utilização de proteção em áreas urbanas;

§ Utilizar o cenário disponível para observar, atirar e progredir, quando em contato com marginais, ou na iminência do confronto;

§ Abordagem a pessoas, com planejamento, determinação, educação e segurança;

§ Abordagem a edificações (construções típicas de favelas).

Informações

Procure um de nossos representantes mais próximo de você através do link Fale Conosco

Calendário de 2008

Abril

28 a 30
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ)- Brasília/DF
Contato: (61) 8163 - 2196 / (61) 3263-3731 - Adilson
E-mail:
adilson@cati.com.br

04 a 06
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Porto Alegre / RS
Contato: (51) 3352-7839 / (51) 9181-1411 - Gustavo ou Amaral
E-mail:
catisul@cati.com.br

19 a 21
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Curitiba/PR
Contato: (41) 3327-4671 / (41) 8404-1016 - Fernando
E-mail:
fernando@cati.com.br

Maio

1 a 4
Progressões Em Áreas DE Alto Risco (BOPE) - Lisboa/Portugal
Contato: (+351) 21 340 45 78
E-mail:
portugal@cati.com.br

03 a 05
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Florianópolis/SC
Contato: (41) 3327-4671 / (41) 8404-1016 - Fernando
E-mail:
fernando@cati.com.br

Junho

06 a 08
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ)- Belo Horizonte/MG
Contato: (31) 9147-3736 / (31) 8502-9969/ (31) 3635-1809 - Siqueira
E-mail:
siqueira@cati.com.br / mgnorte@cati.com.br

27 a 29
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Porto Alegre/RS
Contato: (51) 3352-7839 / (51) 9181-1411 - Gustavo ou Amaral
E-mail:
catisul@cati.com.br

Agosto

22 a 24
PROGRESSÕES TÁTICAS EM FAVELAS (BOPE/RJ) Recife/ PE
CATI - Fortaleza
Contato: (85) 3241-4654 / (85) 8736-4381 - Pedro Peres
E-mail:
peres@cati.com.br

29 a 31
PROGRESSÕES TÁTICAS EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Fortaleza/CE
Contato: (85) 3241-4654 / (85) 8736-4381 - Pedro Peres
E-mail:
peres@cati.com.br

29 a 31
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Porto Alegre/RS

Contato: (51) 3352-7839 / (51) 9181-1411 - Gustavo ou Amaral
E-mail:
catisul@cati.com.br

30 a 01
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Campo Grande/MS

Contato: (41) 8404-1016 / (41) 3327-4671 - Fernando Carvalho
E-mail:
fernando@cati.com.br

Setembro

13 a 15
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Foz do Iguaçu/PR

Contato: (41) 8404-1016 / (41) 3327-4671 - Fernando Carvalho
E-mail:
fernando@cati.com.br

26 a 28
PROGRESSÕES TÁTICAS EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Natal/RN
Contato: (85) 3241-4654 / (85) 87364381 - Pedro Peres
E-mail:
peres@cati.com.br

Outubro

24 a 26
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Porto Alegre/RS
Contato: (51) 3352-7839 / (51) 9181-1411 - Gustavo ou Amaral
E-mail:
catisul@cati.com.br

Novembro

22 a 24
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Florianópolis/SC
Contato: (41) 8404-1016 / (41) 3327-4671 - Fernando Carvalho
E-mail:
fernando@cati.com.br

28, 29 e 30
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ)- Porto Velho/RO
Contato: (69) 3222 5325 9964 4850 / 9911 4088 Cinthia Pachá
E-mail:
catinorte@cati.com.br

Dezembro

05 a 07
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Porto Alegre/RS

Contato: (51) 3352-7839 / (51) 9181-1411 - Gustavo ou Amaral
E-mail:
catisul@cati.com.br

12 a 14
PROGRESSÕES EM FAVELAS (BOPE/RJ) - Curitiba/PR
Contato: (41) 8404-1016 / (41) 3327-4671 - Fernando Carvalho
E-mail:
fernando@cati.com.br