terça-feira, 5 de abril de 2011

Amor e Revolução: Estréia no SBT novela que vai criar muita polêmica no Brasil


A novela Amor e Revolução, que estreia nesta terça-feira (5), às 22h15, no SBT, vai escancarar, em horário nobre, os abusos cometidos pela ditadura militar que comandou os rumos do Brasil entre 1964 e 1985.

Apesar de o autor Tiago Santiago e o diretor Reynaldo Boury bradarem aos quatro ventos que não vão tomar as dores de um dos lados dessa história, que mostra um dos mais cruéis embates entre membros esquerdistas da sociedade civil e o poder da ditadura militar de direita, a trama foca seus heróis nos estudantes e militantes de esquerda.

A novela, pensada por Santiago em 1995 para ser feita em dobradinha com o falecido diretor Herval Rossano, só chega ao ar 16 anos depois e justo no momento em que uma ex-estudante presa e torturada pela ditadura está no poder máximo do país, na Presidência da República: Dilma Rousseff.

O autor diz que “o tempo agora é propício” para seu folhetim, escrito com a colaboração de Renata Dias Gomes e Miguel Paiva.

- Apesar de vivermos um momento tão propício, preciso lembrar que este tema [a ditadura militar] nunca deixou de estar presente na vida brasileira.

É com lágrima nos olhos que Boury lembra que a novela começa em uma espécie de luto, já que o produtor da trama, Sergio Madureira, morreu na semana passada, vítima de complicações provocadas por um AVC (acidente vascular-cerebral).

- A novela será uma homenagem ao Sergio, que foi a alavanca que tornou essa obra possível. Ele tinha de estar aqui [emocionado].

Boury conta que cada capítulo será encerrado com um depoimento, de um a três minutos, de pessoas que têm histórias importantes vividas nos anos de chumbo. Dos mais de 70 gravados, todos são de militantes da esquerda, o que obriga o diretor a fazer um apelo.

- Os depoimentos estão abertos a todos os seguimentos da sociedade, seja de direita ou de esquerda.

Militares e estudantes


Bacharel e mestre Ciências Sociais na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e democrata confesso, Santiago tem conhecimento de sobra para abordar o período.

- Como novelista, sempre percebi que a ditadura foi uma época de grandes emoções. Por enquanto, estamos com um número de 180 capítulos, mas se a trama tiver o sucesso que esperamos, este número pode aumentar.

Santiago disse que evitou contornos maniqueístas para contar sua história. Tanto que o protagonista é o militar legalista José Guerra (Claudio Lins), interpretado por Claudio Lins, que se apaixona pela estudante de esquerda Maria Paixão (Graziela Schmitt). O dramaturgo de esquerda Mario Vieira (Gustavo Haddad) e a atriz (Thais Pacholek) serão os rivais dessa relação de amor.

Assim como o trabalho dos estudantes e militantes revolucionários, a novela ainda vai abordar a importância de setores da imprensa e da igreja na resistência à ditadura. A trama ainda tem uma participação especial: a do ator Claudio Cavalcanti, há dez anos afastado da TV. Ele será Geraldo, um líder camponês que será barbaramente torturado no Dops (Departamento de Ordem Política e Social).

Para embalar essa história, a trilha reúne o melhor da MPB. Roda Viva, de Chico Buarque na voz do MP4 foi o tema de abertura escolhido. A trilha ainda tem London, London e Alegria, Alegria, de Caetano Veloso; Apesar de Você, de Chico Buarque; Domingo no Parque, de Gilberto Gil; e Carcará, em interpretação de Fafá de Belém.

Fonte: http://180graus.com/cultura/novela-amor-e-revolucao-estreia-retratando-historia-da-ditadura-416662.html

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