Em 11 de setembro de 2001, o mundo foi abalado pelos ataques terroristas
em Nova York e em Washington, lançando o mundo em uma guerra que dura
até hoje, 10 anos depois.
A idéia de lançar aeronaves comerciais cheias de passageiros contra
prédios, no entanto, não era novidade em 2001, pois, em 1988, um
brasileiro chamado Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos de
idade, pensou na mesma coisa. Nonato tentou, e quase conseguiu, executar
um atentado contra o Palácio do Planalto e o então Presidente José
Sarney, utilizando para isso um Boeing 737-300 da Vasp.
Motivos do seqüestro
Raimundo trabalhava em Minas gerais como
tratorista na Construtora Mendes Jr., mas havia sido despedido devido à
péssima situação da economia brasileira que passava no final da década
de 80, altos índices de desemprego e inflação exorbitante.
Desempregado, e sem expectativas, o
maranhense culpou o então presidente da república, José Sarney, pela sua
má fase financeira. Por isso, resolveu seqüestrar um avião e ir para
Brasília, onde esperava acertar “as contas” com o presidente brasileiro.
O Atentado
No dia 29 de setembro de 1988, o Boeing
737-300 partiu de Porto Velho rumo ao Rio de Janeiro, onde previa
escalas em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Já na cidade mineira, o
maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, embarcou no
então, vôo Vasp 375, rumo ao Rio de Janeiro.
No entanto, após 20 minutos de levantar
vôo no aeroporto de Confins, Raimundo Nonato se levantou da cadeira e
sacou um revólver 32 seguindo para a cabine da aeronave. A bordo estavam
105 passageiros. Vale lembrar que, na época, os aeroportos brasileiros
não utilizam equipamentos de raio-x para embarque em vôos nacionais, o
que facilitou a passagem da arma.
A Tomada da Aeronave
Antes de chegar à cabine da aeronave,
Raimundo foi impedido pelo comissário Ronaldo Dias, que levou um tiro na
orelha pela atitude. Em seguida, o seqüestrador arrombou a porta da
cabine com 5 tiros e anunciou o seqüestro, porém, um dos disparos
acertou a perna do engenheiro Gilberto Renher.
Às 11h15, já diante das ameaças, o
comandante Fernando Murilo de Lima e Silva enviou pelo rádio, o código
7700 que, na linguagem codificada da aeronáutica, significa seqüestro.
A Vítima Fatal
Em Brasília, o Cindacta – Centro
Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – recebe a
mensagem do comandante e, via rádio, pergunta o que estava acontecendo a
bordo da aeronave.
Quando o co-piloto Salvador Evangelista
pega o rádio para responder, Raimundo encosta o revólver atrás da
cabeça, e atira matando-o na hora.
Rumo ao Palácio do Planalto
O presidente José Sarney já havia sido
informado pelos seus assessores sobre o acontecimento e cancelou todos
os seus compromissos oficiais daquele dia. Na aeronave, o seqüestrador
fez o comandante seguir rumo a Brasília para “acertar as contas com o
governo”, como ele mesmo insistia.
Pelo rádio, a torre de controle recebe
do comandante, a informação que o combustível estava acabando e a
aeronave poderia despencar de uma altura de 10.000 metros.
Sem esperanças
O Centro de Comunicação Social da
Aeronáutica chegou a redigir um rascunho lamentando a tragédia, pois não
havia chances teóricas da aeronave pousar com segurança.
O Fim do Combustível
O Comandante Murilo, ferido após o sequestro
O comandante Fernando Murilo, 41 anos,
com aproximadamente 12.000 horas de vôo, era um homem tranqüilo, o que
foi crucial para o domínio da situação. Em nenhum momento, Fernando usou
a palavra “seqüestrador” no rádio, com sabedoria, se dirigia a Raimundo
como passageiro.
Fernando alertou sobre a possibilidade
de a aeronave cair por falta de combustível, mas Raimundo não estava
preocupado e pediu para não pousar no aeroporto de Brasília. Quando
também passou próximo ao aeroporto de Anápolis (GO), novamente o
comandante fez o alerta, porém, o seqüestrador impediu novamente o pouso
com uma arma apontada para a cabeça de Fernando.
O Herói
Já em Goiânia, o comandante blefou e
disse para Raimundo que um dos motores iria parar, pois o combustível já
estava no fim e que, por isso, a aeronave iria cair de nível.
Na verdade, Fernando desligou um dos
motores, o que fez o avião desnivelar em 180 graus. Com a manobra, o
comandante fez uma aterrissagem de emergência e salvou os passageiros de
uma queda que iria realmente acontecer em algumas horas, se não fosse a
habilidade do piloto.
Negociações
Com ao avião pousado, na pista do
aeroporto Santa Genoveva, o seqüestrador começou a negociar uma fuga. No
início ele pediu mais combustível para chegar até Brasília, depois
solicitou uma fuga em um caça Mirage, mas por fim aceitou fugir em um
avião Bandeirantes.
Por parte dos órgãos de segurança, a
negociação apenas tinha o objetivo de retirar Raimundo da aeronave, ou
seja, não passava de um teatro.
Fim do Seqüestro
Às 19hs, o seqüestrador desce a escada
da aeronave com o comandante em feito “escudo”. Logo depois, os agentes
de Elite da Polícia Federal que estavam espalhados pela pista atiraram e
acertaram 3 tiros no rins de Raimundo. Um dos tiros pegou na perna do
comandante.Era o final de um seqüestro de 8 horas de duração.
O Final Poderia ser Diferente
A tentativa de matar o seqüestrador,
quase custou à vida do comandante que foi considerado herói pelos
passageiros e por todos que acompanhavam o desfecho da história. Talvez,
se Raimundo tivesse embarcado em um vôo direto de Belo Horizonte para
Brasília, o final poderia ter sido tráfico.
Verdade ou Mentira
Na época, o diretor-geral da Polícia
Federal, delegado Romeu Tuma, informou que o Palácio do Planalto poderia
ser um dos alvos do seqüestrador, mas depois a informação foi negada.
Alguns acreditam que o objetivo de negar o alvo foi uma tática para
evitar outras pessoas tentassem fazer o mesmo se inspirando em Raimundo.
No entanto, outros afirmam que o
seqüestrador nunca teve a idéia de jogar a aeronave em um prédio
público, essa seria apenas uma justificativa para matar Raimundo e
evitar que fosse tido com um herói pelos brasileiros. Raimundo Nonato
morreu dias depois, vítima de uma infecção por anemia falciforme, sem
relação com os tiros, segundo o legista Badan Palhares, mas houve quem
duvidasse da versão.
Fonte: http://telacrente.org/2011/06/tudo-sobre-sequestro-vasp-375/