A incidência de doenças cardíacas entre os franceses é significativamente mais baixa do que entre americanos e ingleses. Há muito tempo sabemos dessa estatística, mas foi em 1992 que o médico Serge Reinaud publicou um interessante trabalho na revista Lancet, com suas conclusões a respeito do comportamento do francês à mesa. Apesar de os gauleses comerem fígado gordo de ganso, usarem muita manteiga, adorarem uma costela de carneiro, e se deliciarem com batatas fritas, nunca apresentaram altos índices de doenças do coração em comparação aos nervosos, apressados e agitados americanos. Ainda de acordo com a pesquisa de Reinaud, os franceses, italianos, portugueses e espanhóis (todos tradicionais bebedores de vinho tinto, assim como os franceses) apresentavam índice de mortalidade por infarto de miocárdio quatro vezes menor que os anglo-saxões, calculando-se o número de eventos cardíacos por grupo de 100.000 habitantes de cada país. O trabalho causou um certo espanto na União Européia, pois os alemães e austríacos, que sempre preferiram o vinho branco, não pareciam se beneficiar das excelentes qualidades medicinais e protetoras do vinho tinto do grupo do Mediterrâneo. A chave do segredo, portanto, estava no consumo do vinho tinto de forma regular durante as refeições. A propriedade miraculosa do vinho Daí a vantagem de darmos uma mãozinha ao metabolismo usando oxidantes como os flavonóides do vinho, vitamina C, beta-caroteno, selênio e zinco entre outros. Mas vamos voltar ao resveratrol (ou restrol). O doutor Sinclair, da Universidade de Harvard, EUA, e seus colaboradores começaram a estudar os benéficos efeitos desta molécula. Eles verificaram que a adição de restrol a uma colônia de leveduras (S. Cerevisiae) em contínuo crescimento aumentava em 70% o tempo de vida útil destes fungos. Admirados, os pesquisadores tentaram verificar o efeito do restrol em um conhecido verme (C. elegans) e constataram que a adição diária do produto à alimentação do animal, aumentava a longevidade do C. elegans. Outros pesquisadores notaram que o restrol aumenta em 30% o tempo de vida da famosa mosca-da-fruta (Drosófila). Por aí se constata que esta maravilhosa molécula química pode aumentar o tempo de vida de seres vivos, pelo menos em estudos laboratoriais. O efeito salutar do vinho na área cardiovascular Em países nos quais a população toma vinho tinto regularmente existe menor mortalidade por doenças cardíacas causadas pelo entupimento de artérias. Um estudo realizado em 13.000 pessoas adultas mostrou que outras bebidas alcoólicas não possuem esta propriedade, ou seja, somente o vinho tinto, em doses moderadas (cerca de 2 copos por refeição principal) mostra efeito benéfico na redução do infarto de miocárdio e acidentes vasculares cerebrais. Outros cinco estudos populacionais, em diferentes países (Estados Unidos e União Européia) confirmam este fenômeno. Para finalizar um estudo publicado na revista Circulation revela que a dieta do Mediterrâneo (peixe, frutas, vegetais, grãos e vinho tinto), comparativamente à tradicional dieta norte-americana (hambúrgueres, batatas fritas, salgadinhos e pizza), reduz em 70% o risco de doenças coronarianas em período de observação de 4 a 5 anos. O resveratrol não está presente em todos os vinhos E os vinhos brancos? Geralmente não contém o restrol, mas alguns enólogos obtiveram vinho branco com cerca de 40% dos flavonóides do vinho tinto, simplesmente deixando o suco de uva recém-fermentado em contato com as cascas por um certo tempo. Já é um bom começo para quem gosta de vinho branco. Mas tinto ou branco, o consumo moderado de vinho faz bem à saúde, sem deixar de lado, é óbvio, uma alimentação saudável e o exercício físico. Fonte: www.veja.com.br/obesus |
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domingo, 4 de maio de 2008
Qualidades Medicinais do Vinho
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