Em um campeonato marcado pelo equilíbrio técnico, venceu quem foi
mais regular. Líder em 27 das 38 rodadas, o Corinthians teve de esperar
até o último jogo para celebrar seu quinto título brasileiro. A festa em
um Pacaembu lotado só veio depois do sofrimento que a Fiel tanto
aprendeu a saborear ao longo de 101 anos de história.
Com o
arquirrival Palmeiras disposto a estragar qualquer comemoração, o Timão
lutou para superar o nervosismo, empatar por 0 a 0 e voltar a ser
campeão nacional depois de seis anos. No fim do clássico, uma briga
generalizada entre os jogadores manchou a rodada decisiva.A difícil
igualdade no clássico, que teve Valdivia, Wallace, João Vitor e Leandro
Castán expulsos no segundo tempo, foi mais do que suficiente para a taça
voltar ao Parque São Jorge. No Rio, o Vasco não passou de um empate por
1 a 1 contra o Flamengo, no Engenhão, e ficou com o vice-campeonato. O
Timão encerra o Brasileirão com 71 pontos contra 69 dos cariocas.
Já
o Palmeiras fica com 50, em 11º, classificado para a Copa
Sul-Americana.O domingo, porém, começou triste para os corintianos. O
ídolo Sócrates, de 57 anos, morreu durante a madrugada, em São Paulo,
vítima de um choque séptico. O ex-jogador foi homenageado pelo Timão
antes da partida no Pacaembu com uma faixa colocada no gramado com uma
frase dita pelo craque: "O Corinthians não é um time e uma torcida. É um
estado de espírito". Crianças formaram o número 8 no campo e receberam a
equipe com o braço direito levantado e o punho fechado, comemoração
característica do "Doutor" em suas comemorações. O gesto foi repetido
pelos titulares corintianos durante um minuto de silêncio.
Os
números da campanha corintiana são incontestáveis. Além de ter liderado o
torneio por mais tempo, a equipe obteve também a melhor série de
resultados na história dos pontos corridos: nove vitórias e um empate
nas dez primeiras rodadas. Nem mesmo a crise que viveu no segundo turno
foi capaz de atrapalhá-lo. O Timão nunca esteve abaixo do quinto lugar e
foi quem obteve o o maior número de triunfos (21) e a defesa menos
vazada entre os 20 participantes (36 gols). Foram 71 pontos - 62,3% de
aproveitamento.
Com a conquista, o Corinthians iguala-se ao
Flamengo em número de títulos brasileiros, todos na “era moderna” da
competição. Os clubes com as maiores torcidas do país estão abaixo
apenas de São Paulo, com seis, e de Palmeiras e Santos, com oito, ambos
beneficiados com a unificação dos extintos Torneio Roberto Gomes Pedrosa
e Taça Brasil.
Vencer o principal torneio do país tem um sabor
especial para Tite. Depois de balançar no cargo em alguns momentos da
temporada, o maior título da carreira faz o treinador afastar a
desconfiança de uma ala da torcida e assegura a permanência dele em
2012. A missão agora volta a ser acabar com o eterno desejo alvinegro de
conquistar a Taça Libertadores.
Quem também se fortalece é o
presidente Andrés Sanches, novo chefe de Seleções da CBF. Em um mandato
caracterizado pelo aumento de receitas e por contratações badaladas,
como Ronaldo, Roberto Carlos e Adriano, o dirigente obtém seu maior
triunfo no campo, fechando um clico considerado de "redenção" pelos
dirigentes – sob a gestão dele, o clube venceu também a Copa do Brasil e
o Paulistão de 2009. Ele se afasta do cargo no dia 15 de dezembro, mas
deixa seu grupo ainda mais fortalecido para vencer as eleições de
fevereiro. Mário Gobbi Filho é o candidato da situação.
Corinthians joga mal; Palmeiras dominaA
empolgação dos mais de 34 mil corintianos que lotaram o Pacaembu se
transformou em nervosismo para o Timão. A pressão que a equipe tentou
impor nos primeiros minutos não surtiu efeito diante de um Palmeiras bem
posicionado e paciente. A velocidade aplicada pelos alvinegros foi
controlada com faltas simples que impediram qualquer aproximação
perigosa. Em cinco minutos, foram cinco infrações e nenhum trabalho para
Deola.
A dificuldade em se aproximar da área, gradativamente,
enervou o Corinthians. O excesso de passes errados no setor ofensivo deu
ao Palmeiras a chance de controlar o jogo. Sem pressa, o time dirigido
por Luiz Felipe Scolari apostou em lançamentos pelo alto para tentar
surpreender os zagueiros Paulo André e Leandro Castán. Valdivia levou a
melhor em boa parte dos lances contra o improvisado volante Wallace, mas
ficou aquém do esperado na criação para Luan e Ricardo Bueno. Apenas
Marcos Assunção assustou em cobranças de faltas.
Enquanto o
Corinthians sofria para se acertar, o Vasco ficou em vantagem contra o
Flamengo, no Engenhão, e manteve o sonho de levar a taça a São Januário.
O sistema de som do Pacaembu, que vinha anunciando todos os outros
resultados da última rodada, ignorou o gol de Diego Souza a pedido da
direção corintiana. Os jogadores do Timão desceram aos vestiários sem
saber a vantagem do rival na briga pelo título.
Antes de o
primeiro tempo acabar, o Corinthians reclamou de um pênalti em lance
duvidoso. Willian recebeu passe de Alessandro na área, recebeu um toque
do joelho de Henrique e caiu ao trombar com Leandro Amaro. A bola sobrou
para Liedson, que finalizou contra um marcador e perdeu boa chance. Os
atletas ainda pressionaram o árbitro Wilson Luiz Seneme, que nada
marcou.
Valdivia e Wallace expulsos
Valdivia e Wallace expulsos
O
Corinthians voltou para o segundo tempo outra vez tentando pressionar.
Agora, contudo, teve a ajuda de alguém que poderia desequilibrar do
outro lado. Logo aos três minutos, Valdivia cometeu falta violenta sobre
Jorge Henrique e foi expulso. Sem o Mago, o Verdão teve problemas para
deixar a defesa e acabou permitindo que o Timão segurasse a bola no
campo de ataque. Para ajudar, Renato Abreu empatou para o Flamengo.
Desta vez, o sistema de som do Pacaembu informou o resultado e colocou
fogo na Fiel.
Apesar de melhorar seu desempenho e do incentivo
das arquibancadas cada vez maior, o Timão seguiu com problemas para
passar pela defesa adversária. Alex foi bem marcado por Márcio Araújo e
não conseguiu acionar Liedson. O Palmeiras só respondia nas faltas com
Marcos Assunção. Em uma delas, quase voltou a dar esperança ao Vasco.
Fernandão desviou de cabeça e carimbou a trave.
O drama
corintiano reapareceu dois minutos mais tarde, quando Wallace cometeu
falta violenta em Maikon Leite e também foi expulso. O Verdão chegou a
marcar, com Henrique, mas a arbitragem marcava impedimento de Fernandão
no início da jogada. Por um instante, o silêncio tomou conta da parte
alvinegra do Pacaembu.
A partir dos 40 minutos, perder o título
parecia impossível. A festa começou aos poucos nas arquibancadas. Em
campo, muita confusão. Jorge Henrique deu o famoso "chute no vácuo",
criado por Valdivia, e deu início a um tumulto com João Vitor, que
acabou expulso. Outros jogadores foram até a linha de fundo e a briga se
generalizou. Tite e o trio de arbitragem tentaram apartar. Com o
problema resolvido e o fim do jogo entre Vasco e Flamengo, o Pacaembu
explodiu no coro de campeão.
Fonte: www.d24am.com/esportes/futebol/corinthians-e-campeao-brasileiro-pela-quinta-vez/43567