Mudanças nas leis trabalhistas para empregados domésticos reacendem dúvidas sobre velhos hábitos, nem sempre tão profissionais
O que é certo ou errado nas relações com os empregados domésticos
Veja situações comuns que podem causar dúvidas e até atritos na relação entre patroa e doméstica.
Existem várias maneiras de cultivar um bom relacionamento com sua empregada doméstica e fazer com que essa parceria tenha vida longa. O consultor de etiqueta Fabio Arruda ajuda a desvendar o que é certo ou errado:
Pedir que fique até mais tarde
Errado, sempre. Se ultrapassou o horário, tem que haver pagamento de hora-extra. “Não pode ter folga de nenhum dos dois lados. A doméstica também tem sua casa e sua família para cuidar. Uma exceção hoje e outra amanhã acaba virando regra”.
Oferecer uma comida diferente da sua
Errado. Também é errado obrigar que ela espere seus horários para só depois fazer suas refeições. “Quem acha que restringir a comida da empregada fará tanta diferença no bolso, deve economizar realmente e não ter funcionária. É melhor que cozinhe, passe e lave sozinha”
Pedir para levar o cachorro para passear
Certo, desde que você deixe claro essa função ao contratar a empregada. “Ela só aceitará o trabalho se sentir-se preparada para realizar todas as atividades que você descrever. Se isso não foi conversado claramente, ela faz se quiser”.
Exigir o uso de uniforme
Certo. Dentro do ambiente de trabalho não tem problema algum e não há motivo para vergonha por parte da doméstica. “Ela vai evitar desgaste das suas próprias roupas. Acho uniforme ótimo. Porém, se ela não quiser sair na rua com o uniforme, é um direito dela”.
Querer privacidade
Certo. Se você tem algum assunto particular para falar com alguém, tem todo o direito de entrar em um ambiente e fechar a porta. Você está na sua casa. “Não espere que sua empregada seja cega, surda e muda enquanto você conta uma história interessantíssima em alto e bom som na frente dela. Até eu ficaria curioso para saber o final”.
Expor sua vida
Errado. O respeito começa a se perder quando mistura demais o relacionamento. “O estereótipo de empregada que as novelas passam é de que as funcionárias são extremamente palpiteiras e dão opinião na vida da família inteira, até mais que um parente. A relação tem que ser profissional, por mais que haja um pouco de intimidade”.
Comer em ambiente separado
Certo. Se a casa tiver dimensão para isso e esse for o costume da sua família, tudo bem. “Existem pessoas que gostam de almoçar sozinhas porque querem refletir sobre algo. Do mesmo jeito que existem funcionários que não ficam à vontade se alimentando com o patrão. Depende da rotina de cada casa”.
Gritar e acusar
Errado. Esta é uma relação profissional em que você é a chefe. Basta imaginar como seria se, no seu escritório, seu chefe a tratasse assim. É a mesma coisa. “Nunca repreenda a doméstica na frente de outras pessoas, e nem a acuse dos objetos quebrados ou sumidos sem ter provas. Isso não significa que não é preciso ter limites e cobrar pelo que é pago. Mas, abusar e discriminar, jamais”.
Nada adianta viver em harmonia com a sua empregada e estar em débito com os direitos trabalhistas. Para evitar ações judiciais, é importante manter a carteira de trabalho em dia. Segundo o Instituto de Pesquisa Economica Aplicada (IPEA), menos de 30% das empregadas domésticas no Brasil têm registro em carteira. “A legislação brasileira nós dá o direito de carteira assinada, férias, licença-maternidade, 13º salário, repouso semanal e aviso prévio”, esclarece Creuza Maria de Oliveira, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.
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